Uma oração intercessória pela Igreja (53)
Algumas aplicações
1) A doutrina da justificação pela graça mediante a fé, como centro[1] e fundamento da fé cristã, amparada na perfeita satisfação propiciada por Cristo às exigências do Pai,[2] de nenhum modo exclui a responsabilidade que temos de viver de modo prático a nossa fé. A fé deve ser evidenciada pelos seus frutos resultantes da sincera obediência a Deus.
2) A verdadeira fé é aquela que ouve a Palavra de Deus e descansa perseverantemente nas suas promessas.
3) A fé em Deus se revela eloquentemente em nosso modo de viver, agir, falar e decidir. (1Ts 1.3,8). Em outras palavras, nos dizeres de Lloyd-Jones: “A fé não é alguma espécie de crença intelectual que vocês carregam consigo numa mochila, não é algo que vocês manipulam, põem e dispõem, quando quiserem, mas é algo que se assenhoreia de todo o ser de vocês”.[3]
4) Pela fé Deus nos capacita a vencer as tentações e as armadilhas de Satanás (1Pe 5.8,9; 1Jo 5.4,5).
5) O Senhor conhece a nossa fé (Ap 2.13,19). Usemos, pois, dos meios fornecidos por Deus para o nosso alimento espiritual e, assim, vivamos em comunhão com Ele (Hb 11.4-7). A fé faz parte de nossa responsabilidade.[4]
6) A genuína teologia cristã é compreensível, transformadora e operante. A Igreja como manifestação histórica do Reino é desafiada a apresentar em sua fé operante (práxis)[5] a eficácia da ética de Jesus Cristo e, a demonstrar o quanto a igreja leva a sério o seu Senhor.
7) Finalmente, orienta-nos o escritor inspirado:
22 Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. 23 Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; 24 pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. 25 Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar (Tg 1.22-25).
Temos, portanto, que nos apegar à verdade ouvida para que não nos afastemos dela. O escritor de Hebreus após falar a respeito da superioridade de Cristo sobre todas as coisas exorta-nos a dar atenção à sua Palavra, para que não nos desviemos, por negligência, em nossa rota de obediência a ele: “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas(a)kou/w), para que delas jamais nos desviemos” (Hb 2.1).
Os crentes efésios se constituem em exemplo vivo de uma genuína fé no Senhor Jesus (Ef 1.15).
Maringá, 28 de maio de 2023.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1]Veja-se: Franklin Ferreira; Alan Myatt, Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual, São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 812.
[2]Veja-se: Thomas Watson, A Fé Cristã, estudos baseados no breve catecismo de Westminster, São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 264.
[3]D. Martyn Lloyd-Jones, Deus o Espírito Santo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1998,p. 189.
[4]Veja-se: John Murray, Redenção: Consumada e Aplicada, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1993, p. 126.
[5]Jeremias denomina isso de “fé vivencial” (J. Jeremias, O Sermão do Monte, 4. ed. São Paulo: Paulinas, 1980, p. 57).