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Uma oração intercessória pela Igreja (141) - Hermisten Maia

Uma oração intercessória pela Igreja (141)

          6) Necessidade de arrependimento (Continuação)

            Considerando o nosso progresso espiritual em direção ao modelo definitivo, Jesus Cristo, Calvino (1509-1564) destaca três elementos essenciais no arrependimento os quais devem nos acompanhar em toda vida cristã: “O ensino do arrependimento contém a regra do viver santo; ele demanda negação de nós mesmos, mortificação de nossa carne e meditação sobre a vida celestial”.[1]

            Em outro lugar:

Esta restauração, na verdade, não se consuma em um momento, ou em um dia, ou em um ano; antes, através de avanços contínuos, ainda que amiúde de fato lento, Deus destrói em seus eleitos as corrupções da carne, os limpa de sua imundície e a si os consagra por templos, renovando-lhes todos os sentimentos à verdadeira pureza, para que se exercitem no arrependimento toda sua vida e saibam que não há nenhum fim para esta luta senão na morte.[2]

Julgo que aquele que aprendeu a ficar profundamente insatisfeito consigo mesmo aprendeu muito de proveito, não para permanecer estacionado neste lamaçal, sem dar um passo além; antes, pelo contrário, de modo que se apresse para Deus e por ele suspire; para que, enxertado na morte e na vida de Cristo, se aplique ao perpétuo arrependimento.[3]

          O arrependimento e a fé são passos iniciais, inseparáveis e complementares[4] da vida cristã como resposta ao chamado divino. No entanto, ambos devem acompanhar a nossa vida. Devemos continuar crendo em Deus em todas as circunstâncias e cultivar, pelo Espírito, uma atitude de arrependimento pelas nossas falhas.[5] “O espírito quebrantado e o coração contrito são as marcas permanentes da alma crente”, resume Murray (1898-1974).[6]

            Isso indica o fato de que somos pecadores e, ainda que não mais dominados pelo pecado, continuamos mantendo esta luta em nosso coração. Devemos nos guardar dos ídolos que tão fertilmente brotam em nosso coração (1Jo 5.21).

            As nossas quedas seguidas de um arrependimento sincero, nos envergonham porque percebemos o quão distantes estamos do alvo proposto por Deus para nós. O arrependimento pleno é um ideal da vida cristã que jamais será concretizado neste estado de existência. O pecado residual continuará em nós e, por vezes, se manifestará com grande força, evidenciando o quão incrustrado está em nós e, para tristeza nossa, por vezes, com grande apreciação e satisfação nossa. Você acha que estou exagerando. É possível. Mas, responda para você mesmo: Quem de nós já não narrou uma atitude pecaminosa com certa satisfação?

            Olyott escreve sobre isso com a sua costumeira sensibilidade:

Arrependimento é ter vergonha de quem você é. Você faz o que você faz porque você é quem você é. E o que você é, é o que Deus diz que você é: um pecador! O evangelho é que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar pecadores! E sem esse sentido claro de pecado, você não pode ser salvo.[7]

            O famoso pregador londrino, Lloyd-Jones (1899-1981), na sua juventude tinha como pastor um homem que, conforme nos conta o seu principal biógrafo, Iain Murray, enchia os seus sermões “com muitas anedotas e ilustrações. Sensação e emoção eram o que ele visava alcançar”.

            Mais tarde, Lloyd-Jones rememorando este período, testificou com certa tristeza:

O que eu precisava era de pregação que me convencesse de pecado e me fizesse enxergar a minha necessidade, que me levasse ao arrependimento e me dissesse algo sobre regeneração. Mas eu nunca ouvi isso. A pregação que tínhamos era sempre baseada na suposição de que todos nós éramos cristãos, que não estaríamos ali na congregação a não ser que fôssemos cristãos.[8]

            Lloyd-Jones está correto.

            Esta restauração, na verdade, não se consuma em um momento, ou em um dia, ou em um ano. Antes, por meio de avanços contínuos, ainda que amiúde, de fato, lentos, Deus destrói em seus eleitos as corrupções da carne, os limpa de sua imundície e a si os consagra por templos, renovando-lhes todos os sentimentos à verdadeira pureza, para que se exercitem no arrependimento toda sua vida e saibam que não há nenhum fim para esta luta senão na morte.[9]

           O conforto é que Deus em Cristo nos perdoará sempre que, sinceramente arrependidos, suplicarmos com fé o seu perdão.  Pela graça somos salvos, somente pela soberana graça! Essa era a pregação urgente e contínua de Paulo em Éfeso.

Maringá, 1 de setembro de 2023.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] John Calvin, Commentary upon the Acts of the Apostles, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1996 (Reprinted), v. 19, (At 20.21), p. 245.

[2] João Calvino, As Institutas, (2006), III.3.9.

[3] João Calvino, As Institutas, (2006), III.3.20.

[4] “O arrependimento é fruto da fé, que é, ela própria, fruto da regeneração. Contudo, na vida real, o arrependimento é inseparável da fé, sendo o aspecto negativo (a fé é o aspecto positivo) de voltar-se para Cristo como Senhor e Salvador. A ideia de que pode haver fé salvadora sem arrependimento, e que uma pessoa pode ser justificada por aceitar Jesus como Salvador, e ao mesmo rejeitá-lo como Senhor, é uma ilusão destrutiva” (J.I. Packer, Teologia Concisa, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 152-153). Vejam-se: João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 2, (II.5), p. 129ss.; A.A. Hoekema, Salvos pela graça, São Paulo: Cultura Cristã, 1997, p. 129.

[5] Ferguson argumenta de forma simples, porém, objetiva destacando o perigo de entendermos o “arrependimento” apenas como ato único (“emoção inicial”) na vida cristã (Veja-se: Sinclair Ferguson A Graça do Arrependimento. São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2014, p. 46ss.).

[6]John Murray, Redenção: Consumada e Aplicada, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1993, p. 130.

[7]Stuart Olyott, Jonas – O Missionário bem-sucedido que fracassou, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2012, p. 58.

[8] Apud Iain H. Murray, A Vida de Martyn Lloyd-Jones 1899-1981: Uma biografia, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2014, p. 56.

[9]“Arrependimento, como descrito na Bíblia, é um ideal alto, temos que tentar revelá-lo continuamente, mas jamais o faremos completamente nesta vida. (…) Arrependimento é, na verdade, necessário para a salvação, mas não precisa ser um arrependimento perfeito. Se isso fosse necessário, quem seria salvo?” (Anthony A. Hoekema, Salvos Pela Graça, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997, p. 137-138).

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