Teologia da Evangelização (110)
3.4.2.1. O Poder do Trino Deus (Continuação)
a) Ninguém tem poder em si mesmo para confessar sinceramente o senhorio de Cristo: “…. ninguém pode (du/namai) dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo” (1Co 12.3).
b) Deus é poderoso para socorrer e manter de pé os seus servos, mesmo aqueles aos quais consideramos fracos: “Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso (dunate/w) para o suster” (Rm 14.4).
É neste sentido que Paulo ora, para que Deus cumpra o Seu propósito na vida dos tessalonicenses a fim de que Deus seja glorificado neles no regresso de Cristo: “Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder (du/namij) todo propósito de bondade e obra de fé, a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo” (2Ts 1.11-12).
Ora também para que a igreja de Roma seja rica de esperança no poder do Espírito Santo: “E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder (du/namij) do Espírito Santo” (Rm 15.13. Ver também: Rm 16.25).
Paulo pede a Deus que desvende os nossos olhos para que vejamos entre outras coisas, a suprema grandeza do poder de Deus:
Por isso, também eu, tendo ouvido da fé que há entre vós no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder (du/namij) para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder” (Ef 1.15-19). (Ver também: Ef 3.16,20; Fp 3.10; Cl 1.9-11; 1Pe 1.5).
Deus é poderoso para nos guardar até o fim. Esta é a confiança partilhada por Paulo com todos os fiéis servos de Deus: “…. por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso (dunato/j) para guardar o meu depósito até aquele Dia” (2Tm 1.12).
No Apocalipse é considerada bem-aventurada a Igreja de Filadélfia que apesar da pouca força guardou a Palavra e não negou o nome do Senhor Jesus: “Conheço as tuas obras – eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode (du/namai) fechar – que tens pouca força (du/namij), entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome” (Ap 3.8).
c) Deus pode suprir todas as nossas necessidades: “Deus pode (dunate/w) fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra” (2Co 9.8). O Poder gracioso de Cristo se aperfeiçoa na fraqueza. É o que Deus diz a Paulo, que estava em profunda agonia: “….A minha graça te basta, porque o poder (du/namij) se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder (du/namij) de Cristo” (2Co 12.9).
Paulo diz que o seu ministério é sustentado pelo poder de Deus: ”Porque, de fato, foi crucificado em fraqueza; contudo, vive pelo poder (du/namij) de Deus. Porque nós também somos fracos nele, mas viveremos, com ele, para vós outros pelo poder (du/namij) de Deus” (2Co 13.4).
Deus nos fornece uma armadura resistente para que possamos enfrentar as tentações satânicas:
11 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes (du/namai) ficar firmes contra as ciladas do diabo;
12 porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.
13 Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais (du/namai) resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.
14 Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça.
15 Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;
16 embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis (du/namai) apagar todos os dardos inflamados do Maligno.
17 Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;
18 com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos (Ef 6.11-18).
Jesus Cristo pelo seu poder nos fornece todos os meios para o nosso crescimento na piedade: “Visto como, pelo seu divino poder (du/namij), nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude” (2Pe 1.3).
Em teologia denominamos essas “cousas que nos conduzem à piedade”, de meios de graça ou meios de santificação.[1] No Catecismo Menor de Westminster, em resposta à pergunta 88,[2] “Quais são os meios exteriores e ordinários pelos quais Cristo nos comunica as bênçãos da redenção?”, lemos: “Os meios exteriores e ordinários pelos quais Cristo nos comunica as bênçãos são as suas ordenanças, especialmente a Palavra, os sacramentos e a oração, os quais todos se tornam eficazes aos eleitos para a salvação” (grifos meus).
Ao mesmo tempo, o Senhor Jesus Cristo é poderoso para nos socorrer em nossas tentações (1Co 10.13):[3] “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso (du/namai) para socorrer os que são tentados” (Hb 2.18). (Ver também: Hb 4.15; Jd 24; 1Pe 1.5).[4]
8) A disciplina eclesiástica é realizada no poder de Jesus:
Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja, em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder (du/namij) de Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus. (1Co 5.3-5).
9) Podemos observar que enquanto Mateus procurou dar nome aos atos poderosos de Jesus Cristo, Lucas apresenta Jesus Cristo exercendo o seu poder realizando tais atos: a) Expulsão dos espíritos: (Lc 4.36); b) Cura: (Lc 5.17; 6.19; 8.46); c) Jesus conferindo poder e autoridade aos doze e aos 70 sobre os demônios e para curar os enfermos: (Lc 9.1/Lc 10.19).
10) Finalmente, o nosso conforto é que o poder pertence a Deus. Quando o Senhor revelar plenamente a sua soberania – “Exorto-te, perante Deus, que preserva a vida de todas as coisas, e perante Cristo Jesus, que, diante de Pôncio Pilatos, fez a boa confissão, que guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo; a qual, em suas épocas determinadas, há de ser revelada pelo bendito e único Soberano (duna/sthj), o Rei dos reis e Senhor dos senhores” (1Tm 6.13-15) –, o canto celestial, finalmente será, como descrito no Apocalipse: “Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão, dizendo: Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder (du/namij) são do nosso Deus” (Ap 19.1).
Maringá, 03 de novembro de 2022.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1]Ver: Hermisten M.P. Costa, A Palavra e a Oração como Meios de Graça: In: Fides Reformata, São Paulo: Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, 5/2 (2000), 15-48.
[2]Ver também: Catecismo Maior de Westminster,Perg. 154.
[3]“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças (du/namai); pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais (du/namai) suportar” (1Co 10.13).
[4] “Porque não temos sumo sacerdote que não possa (du/namai) compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4.15). ”Ora, àquele que é poderoso (du/namai) para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!” (Jd 24-25). “Que sois guardados pelo poder (du/namai) de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo” (1Pe 1.5).