Teologia da Evangelização (106)
3.4.2. O testemunho fiel do Evangelho no poder do Espírito
Nos círculos evangélicos, um dos assuntos mais debatidos em nossos dias, é a questão do crescimento de igreja. Há pessoas e grupos que estabelecem, de forma universalizante, determinados meios que alegadamente “funcionaram” aqui e acolá, havendo sempre em cada descrição uma tentativa de legitimação de seus atos e universalização de suas propostas.
Como cristãos evangélicos entendemos que a Bíblia é a fonte de todo o nosso conhecimento, tendo as Escrituras diretrizes para nos guiar em todas as áreas de nossa existência. Portanto, quando estudamos este assunto, faz-se necessário – como em todos os demais –, buscar nas Escrituras orientação para o direcionamento de nossa vida e, consequentemente, para o nosso modo de agir. Estudemos então, a Igreja Primitiva. A partir daí poderemos juntos perceber o seu crescimento, como Deus agiu por meio de seu povo, mesmo sendo este imperfeito como nós também hoje o somos.
Ao lermos o Livro de Atos, em especial, devemos estar atentos àquilo que é descritivo e, ao que é-nos ordenado. O descritivo, ainda que sirva de parâmetro, não estabelece um mandamento divino; o ordenado, no entanto, é para ser cumprido sempre.
Atos é o “Livro eixo do Novo Testamento”, pois estabelece uma ligação entre os Evangelhos e as Epístolas, mostrando em forma de esboço o crescimento da Igreja, indo de Jerusalém a Roma, a capital do mundo gentílico.
Certamente um dos objetivos de Atos é retratar o crescimento da Igreja, ultrapassando barreiras geográficas, religiosas e culturais, culminando com a chegada de Paulo em Roma. Por isso Atos pode ser esboçado a partir dos registros do crescimento da Igreja (Vejam-se: At 2.41,47; 4.4; 5.14; 6.7; 9.31; 12.24; 16.5; 19.20; 28.31).
Além disso, Atos nos dá pistas a respeito dos judeus da Ásia e do Norte da África que ouviram o sermão de Pedro, muitos dos quais devem ter sido convertidos em Jerusalém (At 2.9,10/2.41). Fala-nos também do Eunuco etíope que após a sua conversão e batismo, continuou o seu caminho “cheio de júbilo” (At 8.37-39). Estes homens voltando para as suas cidades, que método usaram para difundir a sua fé? Atos também descreve como o Evangelho foi pregado por Paulo na Europa (At 16.9-15).
Os registros históricos que temos a partir do segundo século informam-nos de que, apesar de perseguidos, os cristãos davam o seu testemunho, sendo muitas vezes martirizados – aliás, a palavra grega “mártir” significa “testemunha” –, vemos também que o seu comportamento era contagiante por meio de uma conduta diferente, que procurava se pautar pela Palavra de Deus.
Maringá, 03 de novembro de 2022.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa