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Rei e Pastor: O Senhor na visão e vivência dos salmistas (3) - Hermisten Maia

Rei e Pastor: O Senhor na visão e vivência dos salmistas (3)

A figura do pastor aplicada a Deus

Ainda que talvez não tenhamos percebido, no Antigo Testamento a figura de Deus como pastor não é exclusividade do Salmo 23.

Jacó na velhice, dias antes de morrer, recapitula o cuidado e a provisão de Deus:[1]  “E abençoou a José, dizendo: O Deus em cuja presença andaram meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou (h[‘r’) (raah) (pastoreou) durante a minha vida até este dia” (Gn 48.15/Gn 49.24).

O salmista Asafe o faz da mesma forma em sua súplica: “Dá ouvidos, ó pastor (h[‘r’) (raah) de Israel, tu que conduzes a José como um rebanho; tu que estás entronizado acima dos querubins, mostra o teu esplendor” (Sl 80.1).

O profeta Isaías, bem antes do cativeiro de Judá, considera que Deus como pastor e senhor apascenta o seu rebanho, cuidando carinhosamente dele. Escreve então, consolando o povo que seria tirado de sua terra: “Como pastor (h[‘r’) (raah), apascentará (h[‘r’) (raah) o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente” (Is 40.11).

Posteriormente Jeremias e Ezequiel escrevem demonstrando que Deus como pastor busca suas ovelhas e ajunta o rebanho:

“Ouvi a palavra do SENHOR, ó nações, e anunciai nas terras longínquas do mar, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor (h[‘r’) (raah), ao seu rebanho. (Jr 31.10).

Como o pastor (h[‘r’) (raah) busca o seu rebanho, no dia em que encontra ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; livrá-las-ei de todos os lugares para onde foram espalhadas no dia de nuvens e de escuridão. (Ez 34.12).

Magnitude do Salmo 23: Facilidade e dificuldade

Portanto, estudar o salmo 23 é algo de grande enlevo e, expor sobre o mesmo, é algo fácil e ao mesmo tempo difícil.

Fácil porque é pequeno, vale-se de figuras corriqueiras nas Escrituras – pastor e ovelhas − e, também, porque quase sempre encontra ouvidos e olhos prazerosos.

O que torna difícil expô-lo é justamente a sua complexa simplicidade e, ao mesmo tempo, a sensação comum dos ouvintes e leitores de que já sabem o que vão ouvir e apreciam uma descrição mais ou menos detalhada – quanto mais, melhor – da vida das ovelhas com sua fragilidade e peculiaridade. Certamente não vou escapar em algum grau dessa abordagem ainda que não seja o meu ponto.

O Senhor do salmista

Quando comecei a pensar sobre o salmo 23, o li e reli diversas vezes por semanas em minhas devocionais. Ative-me ao texto sem o auxílio, que seria no futuro tão oportuno, dos comentários. Terminei por ser dominado pela ideia primeira do Senhor do salmista. Quem é o Senhor do salmista? Essa pergunta foi se formando e dominando a minha mente e aquecendo o meu coração.

A impressão que tenho é que, por vezes, na exposição desse salmo o falar no Senhor é apenas um detalhe que introduz a ovelha. É uma espécie de cerimônia religiosa moderna de casamento, onde, com frequência, o culto a Deus é apenas um pretexto para a entrada da especialmente bela noiva naquele dia, com suas vestes nupciais.

Mas, certamente não é essa a perspectiva do salmista e menos ainda o seu propósito.

Desse modo, quero começar a estudar esta belíssima e significativa passagem bíblica pela perspectiva do salmista a respeito da pessoa do Senhor não apenas nesse salmo, mas, no livro de Salmos. Serão apenas reflexões destinadas à igreja.

Fé com conhecimento

Creio ser um lugar comum afirmar que não adianta ter uma fé bonita e vigorosa em alguém que nada pode fazer, ou, que devido às muitas ocupações não pode nos escutar ou, não está interessado em nossos problemas. Portanto, conhecer o Deus com quem nos relacionamos é de vital importância.

Se não estivermos convictos da existência e do Ser de Deus como aquele que é Todo-Poderoso e cuida de nós, jamais poderemos experimentar a convicção do salmista e a paz resultante dessa teologia experimentalmente vivenciada. Só pode haver paz em nosso coração se estiver convencido do poder da graça operante de Deus.

No salmo 9,[2] Davi retrata algo que fazia parte amplamente de sua experiência. E, ainda mais. Aqui está embutida a compreensão de que o Senhor está acessível a todos os que lhe buscam sinceramente: 9O SENHOR é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de tribulação. 10Em ti, pois, confiam os que conhecem ([d;y”) (yada’)[3] o teu nome, porque tu, SENHOR, não desamparas os que te buscam (vr;D’) (darash)[4](Sl 9.9-10).

No salmo 28 lemos a súplica do salmista: “Salva o teu povo e abençoa a tua herança; apascenta-o (h[‘r)’ (raah) e exalta-o para sempre” (Sl 28.9).

Analisemos biblicamente, especialmente no livro de Salmos quem é este Senhor com o qual o salmista se relacionava e com quem podemos e devemos nos relacionar a fim de podermos, de fato, ter a certeza subjetiva de quem é o nosso Rei e Pastor.

Maringá, 24 de agosto de 2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]“O idoso pastor reconhece o pastoreio especial de Deus em sua vida” (Bruce K. Waltke, Comentando o Antigo Testamento: Gênesis, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, (Gn 48.15) p. 747).

[2] Para um estudo mais detalhado desse salmo, veja-se: Hermisten M.P. Costa, O homem no teatro de Deus: providência, tempo, história e circunstância, Eusébio, CE.: Peregrino, 2019, p. 421-433.

[3] ([d;y”) (yada’). Este conhecimento envolve a capacidade de discernir (Sl 4.4), experimentar (Sl 9.11; 20.7; 25.4.14; 119.75; 139.1,2,4; 139.14), ver (Sl 16.11); pensar/perceber (Sl 35.8); perfeito conhecimento (Sl 37.18; 44.21; 50.11; 69.5; 94.11; 103.14; 139.23; 142.3); conhecimento íntimo e pessoal (Sl 51.3); intimidade/proximidade (Sl 55.13; 88.18); compreender (Sl 73.16); aprender (Sl 78.3); ensinar (Sl 90.12); fazer notório/manifestar (Sl 98.2; 103.7; 145.12).

[4] A ideia básica do termo (vrD) (darash) é buscar com diligência: “Moisés diligentemente buscou (vrd) (darash) o bode da oferta pelo pecado” (Lv 10.16). Além do sentido de “buscar” (Lv 10.16; Sl 22.26; 24.6 [duas vezes]; Sl 53.3), pode ser traduzida por: Requerer (Dt 23.22; Sl 9.12); cuidar (Dt 11.12); investigar (Sl 10.4); se importar (Sl 10.13); esquadrinhar (Sl 10.15); procurar (Sl 77.2); considerar (Sl 111.2); empenhar-se (Sl 119.45); interessar-se (Sl 142.4). (Vejam-se mais detalhes em: Leonard J. Coppes, Dãrash: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 328-329).

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