O Choro Bem-Aventurado: Uma emoção Contracultural (Mt 5.4) (5)
4) O profeta Jonas, ao perceber a misericórdia de Deus para com o povo de Nínive, se entristece e ainda tenta justificar diante de Deus a sua desobediência. A sua indignação é tão grande que pede a Deus que o mate. Ao que parece, para Jonas, era melhor morrer do que vê a misericórdia perdoadora de Deus sobre aquele povo tão ímpio:
Com isso, desgostou-se Jonas extremamente e ficou irado. 2 E orou ao Senhor e disse: Ah! Senhor! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. 3 Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver. (Jn 4.1-3).
5) Pedro, após negar o Senhor três vezes, lembrou-se das palavras que ele lhe dissera. Envergonhado e arrependido, chorou de forma intensa e sofrida:
Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes. E, saindo dali, chorou amargamente. (Mt 26.75).
E logo cantou o galo pela segunda vez. Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes. E, caindo em si, desatou a chorar. (Mc 14.72).
Posteriormente, quando o Senhor ressurreto lhe pergunta três vezes a respeito de seu amor, é possível que a sua negação recente lhe viesse à mente, daí a sua tristeza:
Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas. (Jo 21.17).
6) Pelos pecados de uma cidade impenitente e pela sua futura destruição. Jesus chora diante de Jerusalém: “41 Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou 42 e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos” (Lc 19.41-42).
7) Paulo também se entristece pela incredulidade dos judeus, revelando de forma intensa o seu amor e dor:
Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito Santo, a minha própria consciência: 2 tenho grande tristeza e incessante dor no coração; 3 porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne. (Rm 9.1-3).
8) Pela insensibilidade da Igreja em não perceber a gravidade do pecado de um irmão, tocando a vida como se nada tivesse acontecido:
Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. 2 E, contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou? (1Co 5.1-2).
Possivelmente, outro irmão havia pecado, inclusive, ofendendo a Paulo: “Ora, se alguém causou tristeza, não o fez apenas a mim, mas, para que eu não seja demasiadamente áspero, digo que em parte a todos vós” (2Co 2.5).
À frente, Paulo falando sobre a disciplina divina, diz que ela produz tristeza; no entanto, esta tristeza é frutuosa. Portanto, valera a pena ter escrito a Carta Severa admoestando à Igreja, ainda que causando tristeza:
8 Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a carta, não me arrependo; embora já me tenha arrependido (vejo que aquela carta vos contristou por breve tempo), 9 agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis. 10 Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte. 11Porque quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! Que defesa, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vindita! Em tudo destes prova de estardes inocentes neste assunto. (2Co 7.8-11).
Paulo se entristecia e chorava pelos pecados cometidos por seus irmãos e a falta de arrependimento: “Receio que, indo outra vez, o meu Deus me humilhe no meio de vós, e eu venha a chorar por muitos que, outrora, pecaram e não se arrependeram da impureza, prostituição e lascívia que cometeram” (2Co 12.21).
Do mesmo modo, o escritor de Hebreus instrui sobre os frutos da disciplina: “Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça” (Hb 12.11).
Maringá, 01 de fevereiro de 2019.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
*Este artigo faz parte de uma série. Confira aqui a série completa.
Tudo mto pefeito……Ensinae ô ser perfeota te amo tanto…. E