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“Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (26) - Hermisten Maia

“Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (26)


4.2. A Verdade de Deus num mundo de mentiras

É preciso entender que o novo humanismo e a nova teologia não possuem nenhum conceito acerca da verdade verdadeira, isto é, da verdade absoluta. O relativismo triunfou nas universidades, na sociedade e, também, na igreja. O verdadeiro cristão, porém, é chamado não apenas a ensinar a verdade mas a praticá-la em meio a esse relativismo. Em nenhum momento, houve tanta necessidade de praticar a verdade quanto hoje. ‒ Francis A. Schaeffer (1912-1984).[1]

Conhecer a verdade é o meio apropriado de admirar a verdade. ‒  John Piper.[2]  

Para ser verdadeiramente relevante, você terá de dizer coisas que são definitivamente fora de moda e eternas, não tendências correntes. As coisas mais relevantes para a maioria das pessoas são as coisas eternas, e não devemos ousar esquecer este fato em nossa procura por relevância. ‒ William G. Tullian Tchividjian.[3]

 

O Cristianismo está comprometido com a verdade em sua fé e proclamação. Vivendo e anunciado a sua fé no Deus transcendente e pessoal que se relaciona pessoalmente conosco.

   À luz de João 17, detalhemos um pouco mais esse ponto:

4.2.1. O Deus Triúno é verdadeiro

   O próprio fato de Deus dar testemunho, tão enfático especialmente nos escritos de João e em Atos, revela a relevância histórica do ocorrido: nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

          Conforme temos insistido, o Cristianismo é uma religião de história. Ele se alicerça em fatos os quais devem ser testemunhados, visto que eles têm uma relação direta com a vida dos que creem. A fé cristã fundamenta-se no próprio Cristo: O Deus-Homem. Sem o Cristo histórico não haveria Cristianismo. A sua força e singularidade amparam-se na pessoa de Cristo, não simplesmente nos seus ensinamentos. O Cristianismo é o próprio Cristo.[4] Dar testemunho significa trazer a público de forma apropriada algo experimentado e que não pode ser negligenciado.[5]

          Nós cremos num Deus verdadeiro, em quem temos vida. Este é o testemunho da Igreja conforme a oração de Jesus Cristo: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro (a)lhqino/j), e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).

          Jesus Cristo é a verdade, e o verdadeiro Deus a quem reconhecemos pela graça. Ele mesmo afirma: “Eu sou o caminho, e a verdade (a)lh/qeia), e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). João dá testemunho da veracidade do Pai e do Filho: “Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro (a)lhqino/j); e estamos no verdadeiro (a)lhqino/j), em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro (a)lhqino/j) Deus e a vida eterna” (1Jo 5.20).

          O Espírito é a verdade, dando testemunho e nos conduzindo à verdade: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade (a)lh/qeia), ele vos guiará a toda a verdade (a)lh/qeia); porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir” (Jo 16.13). “E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade (a)lh/qeia) (1Jo 5.6).

 4.2.2. O ensino verdadeiro do verdadeiro Deus

  Jesus Cristo por ser verdadeiro ensina a verdade, o reto ensino. Os fariseus, por sua vez, tentando preparar armadilha para Jesus, partem de um conceito comum entre todos os que o ouviam: a integridade de seu ensino e comportamento. Assim articulam.

          Registram Mateus e Lucas em narrativas paralelas:

E enviaram-lhe discípulos, juntamente com os herodianos, para dizer-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro (a)lhqh/j) e que ensinas (dida/skw) o caminho de Deus, de acordo com a verdade (a)lh/qeia), sem te importares com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens. (Mt 22.16).  
Então, o consultaram, dizendo: Mestre, sabemos que falas e ensinas retamente (o)rqw=j) e não te deixas levar de respeitos humanos, porém ensinas o caminho de Deus segundo a verdade (a)lh/qeia). (Lc 20.21).

          O Evangelho é verdadeiro, é a Palavra da verdade (Gl 2.5,14; Ef 1.13; Cl 1.5-6; 2Tm 2.15; Tg 1.18). A Palavra de Deus é a verdade. Por meio dela o Espírito nos gera: “Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade (a)lh/qeia) para que fôssemos como que primícias das suas criaturas” (Tg 1.18).

          É a esta verdade que o Espírito nos conduz, conforme prometera Jesus: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade (a)lh/qeia), ele vos guiará a toda a verdade (a)lh/qeia); porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir” (Jo 16.13).

          Os caminhos de Deus são verdadeiros em si mesmos, não havendo injustiça. No Apocalipse lemos o cântico dos santos libertos por Deus: “E entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros (a)lhqino/j) são os teus caminhos, ó Rei das nações!” (Ap 15.3).

Maringá, 25 de fevereiro de 2020.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Francis A. Schaeffer, O Grande Desastre Evangélico. In: Francis A. Schaeffer, A Igreja no Século 21,  São Paulo:Cultura Cristã, 2010, p. 296.

[2] In: John Piper; D.A Carson, O Pastor Mestre e O Mestre Pastor, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2011, p. 59.

[3] William G. Tullian Tchividjian, Fora de Moda, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 29.

[4] Veja-se: Alister E. McGrath, Paixão pela Verdade: a coerência intelectual do Evangelicalismo, São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 23ss. Em outro lugar: “Não resta dúvida de que no âmago da fé cristã há uma pessoa, e não uma crença” (Alister McGrath, Palavra do Editor: In: Alister E. McGrath; J.I. Packer, orgs., Fundamentos do Cristianismo: um manual da fé cristã,  São Paulo: Vida Nova, 2018, p. 14).  “Qualquer coisa que se apresente como cristianismo, mas que não insista na absoluta e essencial necessidade de Cristo, não é cristianismo. Se Ele não for o coração, a alma e o centro, o princípio e o fim do que é oferecido como salvação, não é a salvação cristã, seja lá o que for” (D. M. Lloyd-Jones, O supremo propósito de Deus: Exposição sobre Efésios 1.1-23, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996, p. 143).

[5] Veja-se: L. Coenen, et. al. Testemunha: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v. 4, p. 610.

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