“Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (50)
3) O Espírito Santo
A Bíblia atribui mais especificamente a nossa santificação ao Espírito Santo. Ele nos regenera e renova (Jo 3.3,5; Tt 3.5), guiando-nos a fazer a vontade de Deus (Rm 8.14). Ele habita em nós, testificando que somos filhos do Deus Santo (Rm 8.16), capacitando-nos a desejar agradar a Deus por meio da nossa obediência.
Paulo, falando aos coríntios, faz um rol de pecados que caracterizavam a vida de alguns daqueles irmãos antes de se converterem a Cristo. Depois conclui: “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co 6.11).
Aqui temos a oportunidade de ver a relação entre a obra do Filho e a do Espírito. Somos santificados no nome de Cristo, pela operação do Espírito. O Espírito aplica nos eleitos de Deus os méritos redentores de Cristo. Ele é o Espírito da graça, o comunicador da sua graça, da graça de Deus, visto que Ele é Deus (Hb 10.29).
Deus leva a efeito o objetivo de nossa eleição, de forma especial, por meio do Espírito: “Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade”(2Ts 2.13). Do mesmo modo escreve Pedro: “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para obediência….” (1Pe 1.2).
Nesta operação, o Espírito tem como objetivo nos tornar santos conforme Ele o é, visto ser Ele “O Espírito de Santidade”(Rm 1.4); o Espírito Santo. “O Espírito Santo é o espírito da santidade e produz santidade dentro de nós”, comenta Grudem.[1]
O Espírito aplicou os méritos salvadores de Cristo em nosso coração e, nos preserva íntegros até o fim. Nele fomos “selados para o dia da redenção” (Ef 4.30). Pelo fato de o Espírito ser Santo, Ele nos quer preservar em santidade até o dia da redenção (Ef 1.13-14).
A fé graciosa que nos faz crer, enxergando a maravilha da boa nova do Evangelho em nossa vida, tratando definitivamente de nosso pecado, perdão e reconciliação, também nos conduz a uma transformação espiritual. A fé que pela graça crê é também a fé que por graça, nos faz obedecer. Crê e obedecer são expressões da graça que opera poderosamente em nós.
Ryle (1816-1900) coloca a questão de forma contundente:
A fé que não envolve uma influência santificadora sobre o caráter da pessoa não é melhor que a fé dos demônios. Antes, é uma ‘fé morta, por estar sozinha’. Não é o dom de Deus. Não é a fé dos eleitos de Deus. Em suma, onde não há a santificação da vida, não há fé real em Cristo. A verdadeira fé opera através do amor. Ela constrange o homem a viver para o Senhor, movido por profundo senso de gratidão pela redenção recebida.[2]
É fundamental que entendamos que a santificação não é algo separado de nossa regeneração. Não há um hiato na vida cristã ou uma espécie de “segunda bênção”. A salvação como um todo, é operada por Deus, de eternidade a eternidade, envolvendo o nosso crescimento espiritual ou santificação, que consiste no abandono progressivo do pecado em direção a Deus, faz parte essencial da vida do cristão, daquele que foi regenerado por Deus.[3]
Maringá, 17 de maio de 2020.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1]Wayne A. Grudem, Teologia Sistemática,São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 629.
[2]J.C. Ryle, Santificação, Santidade, São José dos Campos, SP.: FIEL, 1987,p. 40.
[3] “Nossa vida é como um soneto divinamente escrito, uma obra-prima literária. Desde a eternidade passada, Deus nos designou para sermos iguais à imagem de seu Filho (Rm 8.29). Todos nós ainda somos imperfeitos, obras de arte não concluídas, que estão sendo trabalhadas cuidadosamente pelo Mestre divino. Ele ainda não terminou sua obra em nós, e seu trabalho não cessará até que nos tenha transformado na perfeita semelhança de seu Filho (1Jo 3.2). A energia que Ele usa para realizar sua obra é a graça” (John MacArthur, O Evangelho Segundo os Apóstolos, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2011, p. 90).
Bencao de Deus para nossas vidas!