“Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (127)
7.5.2.3. É uma unidade essencial
A unidade da Igreja é entre aqueles que nasceram de novo, que receberam a Palavra e a guardam (Jo 17.6-8).[1] Usufruímos o mesmo poder vital que nos gerou, anima e fortalece.
Bavinck (1854-1921) comenta:
A unidade entre Cristo e os crentes é como a da pedra angular e o templo, entre o homem e a mulher, entre a cabeça e o corpo, entre a videira e os ramos. Os crentes estão em Cristo da mesma forma que todas as coisas, em virtude da criação e da providência, estão em Deus. Eles vivem em Cristo como os peixes vivem na água, os pássaros vivem nos ares, o homem em sua vocação, o erudito em seu estudo. Juntamente com Cristo os crentes foram crucificados, mortos e sepultados, e juntamente com Ele eles ressuscitaram e estão assentados à mão direita de Deus e glorificados.[2] Os crentes assumem a forma de Cristo e mostram em seu corpo tanto o sofrimento quanto a vida de Cristo e são aperfeiçoados (completados) nele. Em resumo, Cristo é tudo em todos (Rm 13.14; 2Co 4.11; Gl 4.19; Cl 1.24; 2.10; 3.11).[3]
7.5.2.4. É uma unidade de propósito
Portanto, se queremos ter um só e único Deus, lembremo-nos de que, na verdade, não se deve subtrair de sua glória nem sequer uma partícula, senão que deve conservar para ele o que é seu por direito. – João Calvino.[4]
O Espírito constitui a Igreja com o propósito de glorificar a Deus, proclamando os seus atos heroicos e salvadores (1Pe 2.9-10). A Igreja por sua vez glorifica a Deus sendo-lhe obediente (Jo 14.21/Jo 17.4).
Mesmo que não consigamos uma unidade organizacional devido a métodos e estilos diferentes, devemos, no entanto, estar comprometidos com a glória de Deus, que é a nossa vocação incondicional e suprema (1Co 10.31).
A Igreja em sua natureza, a despeito de sua luta contra o pecado sobrevivente, fraquezas e dificuldade em ver a altura do seu privilégio, reflete aspectos da glória de Deus.
Somente o Deus da glória em sua misericórdia formaria em preservaria a sua Igreja a despeito de nossos pecados, meus e seus. Ao mesmo tempo, essa igreja, como vimos, quando a obra santificadora de Cristo for concluída, manifestará em sua existência, santidade e proclamação a grandeza soberana e majestosa de Cristo. (Ef 5.22-25; Jd 24-25).[5]
Maringá, 19 de agosto de 2020.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1] “6 Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. 7 Agora, eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; 8 porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste” (Jo 17.6-8).
[2] Rm 6.4ss.; Gl 2.20; 6.14; Ef 2.6; Cl 2.12,20; 3.3.
[3]Herman Bavinck, Our Reasonable Faith,p. 398.
[4]João Calvino, As Institutas I.12.3.
[5] “25Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, 26para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, 27 para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.25-27). “24 Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, 25 ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!” (Jd 24-25).