Eu lhes tenho dado a tua Palavra (Jo 17.1-26) (114)
7.4. A Igreja é constituída e preservada por Deus (Continuação)
Conforme vimos, o método escolhido por Deus para edificar e preservar a sua Igreja é a pregação da Palavra. Paulo é enfático: “Aprouve(eu)doke/w)a Deus salvar aos que creem, pela loucura da pregação” (1Co 1.21).
O Espírito é a alma da Igreja, é quem lhe dá ânimo e vitalidade. É o Espírito quem dirige os homens à porta de salvação que é Cristo (Jo 10.9).[1] Ao longo da história, o Espírito tem estabelecido a Igreja, chamando, por meio da Palavra os homens para constituírem a Igreja de Deus.“Do mesmo modo que o Espírito Santo formou o corpo físico de Jesus Cristo, na encarnação, assim também forma o corpo místico de Jesus Cristo, ou seja, a igreja”, interpreta Palmer (1922-1080).[2]
Sem o Espírito não haveria Igreja, isto, porque não haveria crente em Cristo. A Igreja é composta por pessoas que confessam o Senhorio de Cristo. Esta confissão só é possível pela ação poderosa do Espírito (Cf. 1Co 12.3/Rm 10.9-10).[3] A igreja é o reflexo dos atos da Trindade.
O Deus Trino atua de tal forma que a sua igreja foi constituída e é preservada até a consumação definitiva da obra de Cristo, quando ele será glorificado na Igreja e a Igreja nele.
Paulo escreve à jovem igreja de Tessalônica:
10Quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho). 11Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé, 12a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. (2Ts 1.10-12).
A Igreja é uma comunidade de pecadores regenerados. A regeneração é efetuada pelo Espírito (Cf. Jo 3.3,5; Tt 3.5).[4] Logo, sem a ação regeneradora do Espírito, não existiriam cristãos nem Igreja.
Ribeiro (1919-2003) acentua a especificidade e especialidade da Igreja:
A Igreja resulta de uma ação especial, não ‘rotineira’, de Deus entre os homens. O que organiza a Igreja, o que faz dos indivíduos de outra forma dispersos uma comunidade é a presença permanente de uma pessoa certa e determinada, o Santo Espírito Divino.[5]
A Igreja pertence a Deus. Paulo ao despedir-se dos presbíteros de Éfeso, falando da responsabilidade que eles teriam de pastorear dignamente a Igreja, mostra a sua origem e senhorio: “…. a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28).
A Igreja é a comunidade daqueles que foram chamados do mundo para Deus pela operação do Espírito, daqueles “que têm a mesma fonte genética, o sangue de Cristo, o novo nascimento”.[6]
Maringá, 30 de julho de 2020.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1] “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem” (Jo 10.9).
[2]Edwin H. Palmer, El Espiritu Santo, Edinburgh: El Estandarte de la Verdad, (s.d.), Edición revisada, p. 198.
[3]“Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo” (1Co 12.3). “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Rm 10.9-10).
[4]“3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus (…) 5 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.3,5).
“Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5).
[5]Boanerges Ribeiro, O Senhor que Se Fez Servo,São Paulo: O Semeador, 1989, p. 36.
[6]Boanerges Ribeiro, O Senhor que Se Fez Servo, p. 46. A Confissão de Westminster declara: “Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação” (X.1).