Eu lhes tenho dado a tua Palavra (Jo 17.1-26) (106)
6.4. Universalidade da graça (Final)
À Igreja cabe a responsabilidade intransferível de pregar o Evangelho a toda criatura. “A mais importante implicação da catolicidade da igreja, observa Kuiper, é seu solene dever de proclamar o evangelho de Jesus Cristo a todas as nações e tribos da terra”.[1]
A universalidade da pregação ampara-se no Senhorio de Cristo sobre toda a Criação. A sua autoridade não está limitada a uma época ou povo. A mensagem do Evangelho é concernente ao Deus Todo-Poderoso, não a um Deus tribal ou cultural. Ele é o Senhor do Universo e da História.[2]
Quando Deus escolhe o seu povo demonstra a sua autoridade sobre toda a Terra: “Porque tu és povo santo ao SENHOR, teu Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra” (Dt 7.6). Este povo escolhido tem uma mensagem a ser levada a todos as nações. A santidade do povo (separação) tem implicações no uso especial de Deus dentro de seu propósito.[3]
Por isso mesmo, a mensagem cristã consiste no anúncio do reinado soberano de Cristo convocando os homens ao arrependimento e dedicação total e exclusiva ao Senhor. Aceitar o senhorio de Cristo significa reconhecer a abrangência da mensagem do Evangelho que engloba necessariamente a submissão total aos seus mandamentos nos fazendo atuar na sociedade conforme seus preceitos. Esta conversão se manifestará em todas as nossas construções, revelando a mudança que o Senhor realizou em nossa vida, percepção e, consequentemente, ação na cultura englobando as nossas relações familiares, profissionais, sociais e religiosas.
Pedro, na casa de Cornélio, diz: “Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos” (At 10.36).
Lucas relata que entre aqueles que “foram dispersos, por causa da tribulação que sobreveio a Estevão” (At 11.19), alguns foram até Antioquia, pregando também aos gregos, “anunciando-lhes o evangelho(eu)aggeli/zomai) do Senhor Jesus” (At 11.20).
Paulo lembra aos coríntios o conteúdo da sua mensagem: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor….” (2Co 4.5).
De igual modo, o mesmo apóstolo declara que a nossa salvação está condicionada à confissão sincera de Cristo como Senhor, indicando aos romanos, que o Senhorio de Cristo fazia parte da “palavra da fé” pregada (Rm 10.8-10).
Desta forma, podemos perceber que a mensagem do Evangelho não pode ser diluída, transformada em apenas um ideário do bem-estar humano. O Evangelho consiste na proclamação de Cristo como único (1Co 8.4-6; Ef 4.5; Cl 4.1; Jd 4; Ap 17.14; 19.16) e eterno Senhor (2Pe 1.11); o Todo-Poderoso (Ap 1.5,8) cuja palavra permanece para sempre (1Pe 1.24,25).Ele é o Senhor glorioso (1Co 2.8; Tg 2.1/Jo 17.1-5).
Ao mesmo tempo em que o Evangelho apresenta o poder e a glória de Jesus Cristo o Senhor, mostra-nos o seu Senhorio Pastoral; Ele não apenas nos governa, mas também nos protege, ensina, disciplina e sustenta. Por isso, o escritor da Carta aos Hebreus, escreveu: “Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas….”(Hb 13.20. Veja-se também, Jo 10.11; 1Pe 5.4).
O Evangelho, portanto, não pode consistir num barateamento do Senhorio de Cristo. Ele é o Senhor da história, da igreja e de nossa existência: tudo Lhe pertence. A Bíblia nos ensina que somente pelo Espírito Santo podemos de fato reconhecer o Senhorio de Cristo (1Co 12.3). A confissão sincera de Cristo como Senhor é uma obra do Espírito em nossos corações e lábios. A Palavra também nos diz que aqueles que confessam o Senhor, estão unidos a Ele (At 11.24/1Co 6.17).
Maringá, 20 de julho de 2020.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1]R.B. Kuiper, El Cuerpo Glorioso de Cristo, Michigan: Subcomision Literatura Cristiana de la Iglesia Cristiana Reformada, 1985, p. 60.
[2] Quanto à questão da compreensão da história como estando sob o governo de Deus, veja-se: Hermisten M.P. Costa, O homem no Teatro de Deus: providência, tempo, história e circunstância, Eusébio, CE.: Peregrino, 2019.
[3] Veja-se uma instrutiva discussão a respeito deste ponto em: J. Blauw, A Natureza Missionária da Igreja, São Paulo: ASTE., 1966, p. 21ss.
VERDADEIRAMENTE A VERDADE DO
SENHOR JESUS CRISTO VAI SEMPRE
REINAR NO CORPO CRISTAO FIEL.
AMÉM!