Diáconos e Presbíteros: Servos de Deus no Corpo de Cristo (6)
2. O Espírito e a igreja
Quando pensamos em igreja instituída em geral somos levados a espiritualizá-la, como uma entidade ideal fora da história em uma dimensão diferente ou, materializá-la, transformando-a em uma empresa onde só importam as questões numéricas e quantitativas. Desse modo, é equação é bastante simples: quanto maior a igreja, melhor.
Definição de Igreja
Podemos definir a Igreja como sendo a comunidade de pecadores regenerados, que pelo dom da fé, concedido pelo Espírito Santo, foram justificados, respondendo positivamente ao chamado divino, o qual fora decretado na eternidade e efetuado no tempo, e agora vivem em santificação, proclamando, quer com sua vida, quer com suas palavras, o Evangelho da Graça de Deus, até que Cristo venha.
O Espírito e a nossa confissão
Conforme já enfatizamos em diversos lugares, sabemos biblicamente que sem o Espírito não haveria Igreja. Isso, porque não haveria crente em Cristo. A Igreja é composta por pessoas que confessam o Senhorio de Cristo. Esta confissão só é possível pela ação poderosa do Espírito (Cf. 1Co 12.3/Rm 10.9-10).[1] A igreja é o reflexo dos atos da Trindade.
A relação entre Cristo e a igreja transcende qualquer analogia humana. As analogias são feitas para expressar aspectos, ainda que limitados, dessa realidade inexaurível em termos compreensíveis a nós em nossa limitação. O Deus Trino atua de tal forma que a Sua igreja foi constituída e é preservada até a consumação definitiva da obra de Cristo, quando Ele será glorificado na Igreja e a Igreja nele:
Quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho). Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé, a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. (2Ts 1.10-12).
A Igreja é a comunidade daqueles que foram chamados do mundo para Deus pela operação do Espírito, daqueles “que tem a mesma fonte genética, o sangue de Cristo, o novo nascimento”, resume Ribeiro (1919-2003).[2]
O Espírito regenerador
A Igreja é uma comunidade de pecadores regenerados. A regeneração é efetuada pelo Espírito (Cf. Jo 3.3,5; Tt 3.5).[3] Logo, sem a ação regeneradora do Espírito, não existiriam cristãos nem Igreja.
O Espírito é a alma da Igreja, Quem lhe dá ânimo e vitalidade. É o Espírito Quem dirige os homens à porta de salvação que é Cristo (Jo 10.9).[4] Conforme vimos acima, durante toda a história o Espírito tem operado poderosamente constituindo a igreja de Deus, “o corpo místico” de Cristo
Boanerges Ribeiro (1919-2003) acentua a especificidade e especialidade da Igreja:
A Igreja resulta de uma ação especial, não “rotineira”, de Deus entre os homens. O que organiza a Igreja, o que faz dos indivíduos de outra forma dispersos uma comunidade é a presença permanente de uma pessoa certa e determinada, o Santo Espírito Divino.[5]
São Paulo, 11 de junho de 2019
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
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[1]“Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo” (1Co 12.3). “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Rm 10.9-10).
[2]Boanerges Ribeiro, O Senhor que Se Fez Servo, São Paulo: O Semeador, 1989, p. 46.
[3]“3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (…) “5 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.3,5). “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5).
[4] “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem” (Jo 10.9).
[5]Boanerges Ribeiro, O Senhor que Se Fez Servo, São Paulo: O Semeador, 1989, p. 36.