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A Santidade de Deus e a necessidade de arrependimento: uma pregação urgentemente necessária (7) - Final - Hermisten Maia

A Santidade de Deus e a necessidade de arrependimento: uma pregação urgentemente necessária (7) – Final

Quando Paulo se despede dos presbíteros de Éfeso em Mileto, entre outras coisas, faz um relatório de seu trabalho no meio daqueles irmãos durante três anos:  “Testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus” (At 20.21). Em outro contexto Lawson, faz uma analogia interessante, que nos conduz ao ponto que queremos destacar:

 

Se em Corinto Paulo tivesse ido de casa em casa, feito uma pesquisa entre as pessoas e perguntado o que desejavam achar em sua igreja, elas teriam respondido entusiasticamente: ‘Dê-nos superioridade de linguagem e sabedoria; e assim iremos à igreja’. Os coríntios se apinhavam para ouvir oradores que empregavam esses artifícios populares.[1]

 

No entanto, o tipo de pregação de Paulo era outro. Ele não barateava o Evangelho; estava ciente de a necessidade de todo homem ser confrontado com o Evangelho de Deus: “Testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20.21).

Como todos são pecadores, todos necessitam arrependerem-se de seus pecados. Coerentemente com a Escritura, esse, portanto, era o apelo de Paulo.

O famoso pregador londrino, Lloyd-Jones (1899-1981), na sua juventude tinha como pastor um homem que, conforme nos conta o seu principal biógrafo, Iain Murray, enchia os seus sermões “com muitas anedotas e ilustrações. Sensação e emoção eram o que ele visava alcançar”. Mais tarde, Lloyd-Jones rememorando este período, testificou com certa tristeza:

 

O que eu precisava era de pregação que me convencesse de pecado e me fizesse enxergar a minha necessidade, que me levasse ao arrependimento e me dissesse algo sobre regeneração. Mas eu nunca ouvi isso. A pregação que tínhamos era sempre baseada na suposição de que todos nós éramos cristãos, que não estaríamos ali na congregação a não ser que fôssemos cristãos.[2]

 

Lloyd-Jones está correto.

Como temos visto, o arrependimento é o início da vida cristã e nos acompanhará para sempre neste estágio de vida, no qual mudamos de rumo, entristecidos com o nosso pecado e, alegres em podermos seguir a Cristo. E esta restauração, na verdade, não se consuma em um momento, ou em um dia, ou em um ano. Antes, por meio de avanços contínuos, ainda que amiúde, de fato, lentos, Deus destrói em seus eleitos as corrupções da carne, os limpa de sua imundície e a si os consagra por templos, renovando-lhes todos os sentimentos à verdadeira pureza, para que se exercitem no arrependimento toda sua vida e saibam que não há nenhum fim para esta luta senão na morte.[3] O conforto é que Deus em Cristo nos perdoará sempre que arrependidos confessarmos com sinceridade os nossos pecados. Pela graça somos salvos, somente pela soberana graça!

A igreja necessita ouvir essa mensagem. Muitos pensam que o “mundo” necessita ouvir a mensagem de arrependimento. Isso também é verdade. No entanto, não é uma verdade secundária dizer que a igreja precisa ser confrontada com a Palavra de Deus que nos fala da santidade de Deus e de seu padrão absoluto de santidade e justiça.

A igreja precisa entender que o culto não é simplesmente para ser agradável e relaxante; lugar para os ouvintes se portarem confortavelmente em suas poltronas, em ambiente climatizado, a fim de analisarem a beleza ou os possíveis deslizes do pregador. Não!

Participamos do culto nos oferecendo a Deus como sacrifício agradável a Ele. Quando vamos para nos oferecer Deus, Ele se dá; fala a sua Palavra; Ele nos confronta com a Sua Lei, nos consola com Suas promessas, nos ensina por meio de Suas instruções.

Quanto aos que pregam, devem resistir à terrível “tentação de serem moldados pelos ditames culturais de uma sociedade ímpia. Ouvidos ímpios sempre desejarão ser fascinados e não confrontados, cativados e não desafiados”.[4]

Deus como essencialmente santo reivindica e estabelece o padrão de santidade para o seu povo (Lv 19.2; 1Pe 1.15). A fé cristã tem como padrão nada mais do que o próprio Jesus Cristo, o Santo, o Deus encarnado. (Rm 8.29).

O cultivo da santidade deve permear a nossa vida em todos os nossos afazeres e relações, como pontua Beeke:

 

Santidade deve ser desenvolvida em privacidade com Deus, na confidência das nossas casas, na competitividade com nossa profissão, nos prazeres da amizade social, em relação com nossos vizinhos não evangélicos, com os famintos e desempregados do mundo, bem como na adoração dominical.[5]

 

Precisamos confessar a Deus o quão distante estamos do alvo proposto, buscar uma maior comunhão com Ele por meio da leitura de Sua Palavra e da oração. A igreja carece urgentemente dessa mensagem. Todos nós, sem exceção, precisamos confessar a Deus os nossos pecados buscando o perdão no Seu trono de graça, tornando-nos a Ele em obediência e fé. Que Deus nos ajude sendo, por inteira graça, propício a nós pecadores. Amém!

 

 

Maringá, 24 de janeiro d e2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

 

*Acesse aqui esta série de estudos completa

 


 

[1]Steven J. Lawson, O tipo de pregação que Deus abençoa, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2013, p. 44. “No momento presente, os pregadores têm de resistir à tentação de serem moldados pelos ditames culturais de uma sociedade ímpia. Ouvidos ímpios sempre desejarão ser fascinados e não confrontados, cativados e não desafiados” (Steven J. Lawson, O tipo de pregação que Deus abençoa, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2013, p. 39-40).

[2] Apud Iain H. Murray, A Vida de Martyn Lloyd-Jones 1899-1981: Uma biografia, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2014, p. 56.

[3]“Arrependimento, como descrito na Bíblia, é um ideal alto, temos que tentar revelá-lo continuamente, mas jamais o faremos completamente nesta vida. (…) Arrependimento é, na verdade, necessário para a salvação, mas não precisa ser um arrependimento perfeito. Se isso fosse necessário, quem seria salvo?” (Anthony A. Hoekema, Salvos Pela Graça, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997, p. 137-138).

[4]Steven J.  Lawson, O tipo de pregação que Deus abençoa,  São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2013, p. 39-40.

[5]Joel Beeke, Coisas Gloriosas são ditas sobre Ti. In: John MacArthur, et. al. Avante, Soldados de Cristo: uma reafirmação bíblica da Igreja, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 38.

 

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