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 A riqueza da fecunda graça de Deus e a frutuosidade de uma fé obediente e perseverante (6) - Hermisten Maia

 A riqueza da fecunda graça de Deus e a frutuosidade de uma fé obediente e perseverante (6)

3.2.2. Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem: o enviado do Pai como cabeça da igreja

 

Agostinho (354-430) fazendo uma distinção entre a fé cristã e pagã, escreve:

A fé dos cristãos não é louvável porque eles creem no Cristo que morreu, mas no Cristo que ressuscitou. Pois, também o pagão acredita que ele morreu e te acusa como de um crime teres acreditado num morto. Que tens, portanto, de louvável? Teres acreditado que Cristo ressuscitou e esperar que hás de ressuscitar por Cristo. Nisto consiste uma fé louvável. “Se confessares com tua boca que Jesus é Senhor e creres em teu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Rm 10.9). (…) Esta é a fé dos cristãos.[1]

 

Calvino resume: “Lembremo-nos de que a fé genuína está então contida em Cristo, que ela não sabe, nem deseja saber, nada mais além dele”.[2]

 

Portanto, a fé cristã não é um sentimento vago a respeito de algo ou alguém, antes é resultado de um genuíno conhecimento de quem é Jesus Cristo. Ele é o Senhor. Crer em Deus até os demônios creem e tremem (*fri/ssw) (= tremer de medo) (Tg 2.19). Todavia, Paulo nos fala de uma fé depositado no “Senhor Jesus” (Ef 1.16).

 

Bavinck (1854-1921) assim se expressou:

 

A fé não justifica por meio de sua própria essência, nem age por ela mesma ser justa, mas por seu conteúdo, porque é fé em Cristo, que é nossa justiça. Se a fé justificasse por si mesma, o objeto desta fé (isto é, Cristo) perderia totalmente seu valor. Mas a fé que justifica é precisamente a fé que tem Cristo como seu objeto e conteúdo.[3]

 

Dito isso, algumas perguntas são necessárias:

 

Quem é o Jesus em quem cremos?  Ele é apenas um homem com uma ética perfeita? Um grande mestre? Um filantropo? Aquele que sabia como mais ninguém interpretar as necessidades e carências humanas? Um “mártir da paz”?

 

Sem dúvida, algumas dessas classificações podem ser verdadeiras, contudo, Ele é muito mais. Ele é o Senhor. O Deus encarnado. Verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Sem este conhecimento de Cristo não podemos nos dizer cristãos.

 

Sem a centralidade de Cristo não há Evangelho, não há Boa Nova. O Evangelho é especificamente a apresentação da Pessoa de Cristo, da Sua obra e ensinamentos.

 

Por isso que a Cristologia (o estudo da Pessoa e obra de Cristo) se constitui no cerne de toda Teologia Cristã.[4]

 

Bavinck enfatiza com precisão:

 

A doutrina de Cristo não é o ponto de partida, mas certamente é o ponto central de todo o sistema dogmático. Todos os outros dogmas ou preparam para ela ou são inferidos dela. Nela, que é o coração da dogmática, pulsa toda a vida eticorreligiosa do Cristianismo.[5]

 

A Cristologia é o eixo da Teologia Bíblica: uma visão defeituosa da Pessoa e Obra de Cristo determina a existência de uma “teologia” divorciada da plenitude da Revelação bíblica. A consciência deste fato deve nortear o nosso labor Cristológico e, também, servir como referência e ponto de partida teológico.

 

Só podemos falar do Cristo Salvador, se Ele de fato for – como é – o Deus encarnado. A nossa redenção não foi levada a efeito pelo Logos divino, nem pelo “Jesus humano”, mas por Jesus Cristo: Deus-Homem.[6] Não somos o senhor do Cristo, antes, seus servos. Não pretendamos apresentá-lo com cores da moda, com “tons pastéis”, tão saborosos em determinadas épocas.[7] A teologia é serva da Escritura. Somente assim ela poderá ser relevante à Igreja e à toda a humanidade na apresentação do Cristo conforme é-nos dado conhecer nas Escrituras.

 

A singularidade do Cristianismo repousa fundamentalmente na singularidade da Pessoa de Cristo, o Deus encarnado.[8]

 

Parece-nos oportuno lembrar a advertência de Calvino (1509-1564):

 

Devemos precaver-nos para que, cedendo ao desejo de adequar Cristo às nossas próprias invenções, não o mudemos tanto (como fazem os papistas), que ele se torne dessemelhante de si próprio. Não nos é permitido inventar tudo ao sabor de nossos gostos pessoais, senão que pertence exclusivamente a Deus instruir-nos segundo o modelo que te foi mostrado [Ex 25.40].[9]

 

A fé em Jesus Cristo não é uma categoria abstrata ou corriqueira, essencialmente ou circunstancialmente irrelevante, como dizer: tal ônibus passa em tal avenida, enquanto que na realidade a minha locomoção invariável é de automóvel ou, dizer que o preço do pepino está altíssimo, sendo que não como pepino, minha família também não aprecia o seu sabor e, nem simpatizo com quem o faz…

 

Por vezes é mais fácil pensar e falar abstratamente do que concretamente. Posso discorrer com entusiasmo sobre o avanço científico nas cirurgias cardíacas, transplantes de cabeça e, os riscos comuns de contaminação hospitalar. Certamente meu discurso será mais intenso e com uma gama maior de emotividade se me referir ao “complexo exame de sangue” que farei amanhã, correndo o “risco” de perder muito sangue por meio de uma “seringa enorme” diante de um técnico laboratorial que tem uma fixação insaciável por sangue… A tendência natural do ser humano, é que a minha dor, real ou suposta, sempre é maior.

 

A fé em Jesus Cristo como Senhor envolve a compreensão de que Ele é senhor de todas as coisas. Portanto, o é também de minha vida. Falar do senhorio de Cristo significa, portanto, não apenas tratar um tanto vagamente sobre o mundo ou sobre a igreja, mas, também, que Ele é o meu Senhor.[10] E mais: a Pessoa de Cristo está associada determinantemente à Sua obra. Jesus Cristo só pode de fato nos salvar, com todas as implicações desta palavra, se verdadeiramente Ele for Deus e, Deus encarnado. Em outras palavras, não podemos separar arbitrariamente a Cristologia da Soteriologia.[11] Todas as Suas reivindicações só podem ser consistentes, se Ele de fato for quem disse ser.[12]

 

Da mesma forma, não podemos separar a pessoa de Cristo da Eclesiologia. Quando Paulo usa a metáfora da Igreja como Corpo, aplica a singularidade do nome de Cristo: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo” (1Co 12.12).

 

A força e vitalidade da Igreja estão na cabeça que é Cristo. Paulo não trata da glória da Igreja divorciada da glória de Cristo porque isso seria impossível. Por isso é que antes de falar da igreja ele já tratou da Pessoa de Cristo (Ef 1.3-13). Sem esta compreensão, a Igreja se perderá em seus descaminhos fruto de uma compreensão errada de sua natureza e propósito. A Igreja está unida a Cristo em uma santa e perpétua união.[13] Por isso, “toda teologia, quando alienada de Cristo, é não só vã e confusa, mas também nociva, enganosa e espúria”.[14]

 

Não podemos falar do corpo em detrimento de sua cabeça.[15] Fazer esta separação significa dilacerar, esquartejar o Corpo de Cristo e, consequentemente a Cabeça. Sem Cristo a igreja está morta. Todos os nervos, veias e músculos estão conectados à cabeça, que lhes comanda. Não há vida real fora do cérebro. Do mesmo modo, na Igreja, não há vida fora de Cristo. Não há independência. Tratar da Igreja à revelia de Cristo é fazer uma autópsia de um corpo morto. A nossa união não é mecânica, nem artificial, antes, é orgânica e vital. Somos unidos e guiados pelo mesmo Espírito, em um só corpo, com a mesma fé, cuja cabeça é Cristo.[16]

 

Todas as bênçãos, todos os privilégios da vida cristã, emanam do fato de que estamos unidos a Cristo. Jesus Cristo não é uma peça decorativa, ou simbólica, antes, dele provém toda glória, poder e autoridade. A criação foi estabelecida nele e para ele.

 

16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. 17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. 18Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia. (Cl 1.16-18).

 

A visão correta a respeito da Igreja passa, necessariamente, pela correta compreensão de quem é o Cristo, o Filho de Deus. Por isso, uma Cristologia defeituosa, anencéfala – justamente por não corresponder à plenitude da revelação bíblica – gera necessariamente uma eclesiologia distante das Escrituras, tão adequável a manipulações e interesses estranhos a elas. E, ao mesmo tempo, produz uma visão míope da realidade e de nosso papel na sociedade como povo de Deus. Considerar a Igreja fora de Cristo é um exercício de necropsia não de teologia.

 

Na Oração Sacerdotal,[17] pronunciada pelo Senhor Jesus antes de ser preso, lemos:

 

Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. (…) Porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram (pisteu/w) que tu me enviaste. (Jo 17.6,8).

 

     O sentido do verbo crer, é o de estar totalmente persuadido, convencido. Esta persuasão é resultado do conhecimento experimental. Os discípulos receberam e conheceram a Palavra encarnada (Jesus Cristo) e a palavra por Ele transmitida; por isso creem; estão totalmente convencidos de que Jesus Cristo é o enviado de Deus.

 

Sem dúvida, o testemunho de Cristo revela o Seu conhecimento intenso e real do Pai. Em outro contexto dissera: “Eu o conheço (oi)=da) porque venho da parte dele e fui por ele enviado (a)poste/llw)[18] (Jo 7.29).

 

Os discípulos creram na procedência do Filho partindo da Palavra que eles receberam do Senhor. Na realidade, eles foram convencidos pelo testemunho de Cristo; não foi algo mágico, antes, foram persuadidos. Notemos que Jesus Cristo manifestou o nome do Pai transmitindo as palavras que Ele lhe dera e, a partir daí, seus discípulos receberam (Jo 17.8) o testemunho de Cristo, reconheceram/conheceram (Jo 17.7-8) no Pai a fonte de tudo que recebem e a procedência de Jesus Cristo; creram (Jo 17.8) que Jesus Cristo foi enviado pelo Pai, e, por fim, guardaram (Jo 17.6) a Palavra.

 

Portanto, podemos concluir que o caminho do discipulado começa pela Palavra que, sendo recebida, guardada e crida, conduz-nos a Deus.

 

João registra que depois de Jesus pregar à mulher samaritana e aos demais samaritanos trazidos por ela, “Muitos outros creram (pisteu/w) nele, por causa da sua palavra” (Jo 4.41).

 

Em outro contexto vemos que quando Jesus testemunhava a respeito do Pai, muitos creram nele:

 

28 Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, sabereis que EU SOU e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou. 29 E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. 30 Ditas estas coisas, muitos creram (pisteu/w) nele. (Jo 8.28-30).

 

Não existe vida cristã sem a convicção de quem é Jesus Cristo e de Sua procedência. O mundo por não conhecer o Pai não reconheceu no Filho o Seu enviado. Os discípulos, por graça, tiveram uma percepção especial: “Pai justo, o mundo não te conheceu (ou)k e)/gnw); eu, porém, te conheci (ginw/skw), e também estes compreenderam (pisteu/w) que tu me enviaste (a)poste/llw) (Jo 17.25).

 

Jesus Cristo enfatiza a importância da fé alicerçada na certeza de que o Pai enviou o Filho. A questão então é: por que é necessário crer que o Filho é enviado do Pai?

 

Jesus ressalta a importância desta convicção durante a sua oração antes de ressuscitar a Lázaro:

 

Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste (a)poste/llw) (Jo 11.41-42).

 

Em uma única identificação direta, Jesus Cristo é chamado de forma definida de Apóstolo, O Enviado de forma única e singular, e, conforme o contexto, superior a Moisés e a Arão: “Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo (to\n a)po/stolon)[19] e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus” (Hb 3.1).

 

Retornando à questão, veremos no próximo texto alguns motivos que caracterizam a importância do reconhecimento do Filho como enviado do Pai.

 

São Paulo, 20 de fevereiro de 2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

 

*Este artigo faz parte de uma série. Veja aqui a série completa!

 


 

[1] Agostinho, Comentário aos Salmos, São Paulo: Paulus, (Patrística, 93), 1998, (Sl 101), v. 3, p. 32-33.

[2] João Calvino, Efésios, (Ef 4.13), p. 127.

[3]Herman Bavinck, Dogmática Reformada, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 4, p. 214.

[4]Veja-se: Wolfhart Pannenberg, Fundamentos de Cristologia, Barcelona: Ediciones Sígueme, 1973, p. 27-28.  “Cristologia é a doutrina da Igreja acerca da pessoa de Jesus como o Cristo. Ela sempre ocupa lugar central num sistema dogmático que reivindica ser cristão. Toda tentativa de remover a cristologia de seu lugar central ameaça o cerne da fé cristã. O princípio cristocêntrico da teologia não rivaliza com um ponto de vista teocêntrico. Quem quer que olhe para Jesus, o Cristo, a partir da perspectiva do Novo Testamento, estará inevitavelmente situado dentro de um quadro de referência teocêntrico. Quanto mais profundamente a teologia sonda o significado de Jesus como o Cristo de Deus, tanto mais diretamente é levada ao próprio Deus de Cristo….

“A dogmática cristã é cristocêntrica na medida em que nenhuma doutrina pode ser chamada de cristã se não contém uma conexão significativa com a revelação definitiva de Deus na pessoa de Jesus, o Cristo” (Carl E. Braaten, A Pessoa de Jesus Cristo: In: Carl E. Braaten; Robert W. Jenson, editores, Dogmática Cristã, São Leopoldo, RS.: Sinodal, 1990, v. 1, p. 459). Do mesmo modo, Erickson: “Quando passamos a estudar a pessoa e a obra de Cristo, estamos bem no centro da teologia cristã” (Millard J. Erickson, Introdução à Teologia Sistemática, São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 275).

[5]Herman Bavinck, Dogmática Reformada: O pecado e a salvação em Cristo, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 3, p. 279. Vejam-se: Wolfhart Pannenberg, Fundamentos de Cristologia, Barcelona: Ediciones Sígueme, 1973, p. 27-28; Donald M. Baillie, Deus Estava em Cristo, São Paulo: ASTE., 1964, p. 51; Carl E. Braaten, A Pessoa de Jesus Cristo: In: Carl E. Braaten; Robert W. Jenson, eds. Dogmática Cristã, São Leopoldo, RS.: Sinodal, 1990, v. 1, p. 459; Millard J. Erickson, Introdução à Teologia Sistemática, São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 275.

[6] Veja-se: João Calvino, As Institutas, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985, II.14.3.

[7]“A essa altura, o evangelicalismo é fortemente contracultural, defendendo o direito fundamental do cristianismo de ser dominado por Cristo, em vez de dominá-lo à luz dos costumes sociais transitórios contemporâneos” (Alister E. McGrath, Paixão pela Verdade: a coerência intelectual do Evangelicalismo, São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 30).

[8]   “O cristianismo é singular entre todas as religiões do mundo. A razão de sua singularidade é a figura histórica que se constitui no seu centro – Jesus Cristo” (Alister E. McGrath, Paixão pela Verdade: a coerência intelectual do Evangelicalismo, São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 23).

[9]João Calvino, Exposição de Hebreus, São Paulo: Paracletos, 1997, (Hb 8.5), p. 209.

[10] Veja-se: Oscar Cullman, Cristologia do Novo Testamento, São Paulo: Editora Liber, 2001, p. 302.

[11] Veja-se: W. Pannenberg, Fundamentos de Cristologia, Salamanca: Ediciones Sígueme, 1973, p. 49-50. Para uma visão abrangente das questões cristológicas levantadas ao longo da história, tratando da identidade de Cristo e da salvação, veja-se: Alister E. McGrath, Teologia sistemática, histórica e filosófica: Uma introdução à teologia cristã, São Paulo: Shedd Publicações, 2005, p. 401-501.

[12]Para um estudo sobre a Divindade e Humanidade de Cristo, veja-se: Hermisten M.P. Costa, Eu Creio, São Paulo: Paracletos, 2002; Hermisten M.P. Costa, Fé em Jesus Cristo: Verdadeiro Deus & Verdadeiro Homem,  Goiânia, GO.: Editora Cruz, 2015.

[13]“Pensar em Cristo sem a igreja é separar o que Deus uniu em santa união” (Joel Beeke, Coisas Gloriosas são ditas sobre Ti. In: John MacArthur, et. al. Avante, Soldados de Cristo: uma reafirmação bíblica da Igreja, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 33).

[14]João Calvino, Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 2, (Jo 14.6), p. 93.

[15]Vejam-se as pertinentes observações de Jacques de Senarclens, Herdeiros da Reforma, São Paulo: ASTE., 1970, p. 330-331.

[16] “É-nos suficiente saber que Cristo e seu povo são realmente um. São tão verdadeiramente um como a cabeça e os membros do mesmo corpo, e pela mesma razão; são envolvidos e animados pelo mesmo Espírito. Não se trata meramente de uma união de sentimentos, ideias e interesses. Esta é só a consequência da união vital na qual as Escrituras põem tanta ênfase” (Charles Hodge, Teologia Sistemática, São Paulo: Hagnos, 2001, p. 1004).

[17] Para um estudo desta oração, veja-se: Hermisten M.P. Costa, A Tua Palavra é a Verdade, Brasília, DF.: Monergismo, 2010.

[18]O verbo a)poste/llw, significa “enviar’, “mandar” (Mt 2.16; 11.10; Jo 1.6; At 3.20). Primariamente, no grego secular, a palavra com emprego náutico, tinha o sentido de enviar um navio de carga ou uma frota em expedição militar. Somente mais tarde é que a palavra passou a indicar uma pessoa enviada, um emissário. (Vejam-se: K.H. Rengstorf, a)poste/llw: In: Gerhard Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, Grand Rapids, Michigan: WM. B. Eerdmans Publishing Co., 1983 (Reprinted), v. 1, p. 398-447 (especialmente, a página 407); E. von Eucken, et. al. Apóstolo: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1981-1983, v. 1, p. 234-239 (especialmente, a página 234).

[19]Posteriormente, Justino Mártir (c. 100-c.165 AD), também usaria esta expressão para Jesus Cristo (Veja-se: Justino de Roma, I Apologia, São Paulo: Paulus, 1995, 12.9; 63.5, p. 28 e 79).

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