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A Pessoa e Obra do Espírito Santo (96) - Hermisten Maia

A Pessoa e Obra do Espírito Santo (96)

    g) Aconselha-nos (Continuação)

A profecia a respeito de Jesus Cristo nos diz: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro (יעץ) (yâ‛ats), Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”(Is 9.6).

    Portanto, sejam quais forem os nossos problemas, dúvidas e inseguranças, exponhamos a Deus em oração, peçamos a sua direção. Meditemos em sua Palavra e fiquemos atentos às circunstâncias. Deus, sem dúvida, nos instruirá.

    Este é o grande desafio para todo cristão: No meio de nossas dificuldades, angustiados com nossos problemas, dominados por preocupações diversas… Atentar para a glória de Deus; buscar o Reino de Deus e a sua justiça, tendo a certeza de que, quando conseguimos extrapolar os nossos problemas cotidianos, e nos voltamos para Deus, estas coisas, as demais coisas necessárias à nossa existência, nos serão acrescentadas. (Mt 6.33).

    O Salmista, no Salmo 119, retrata a sua situação de acusado pelos “príncipes”, sendo olhado com desprezo, e com um estigma de condenado; todavia, o salmista atentava para os testemunhos , os preceitos eternos de Deus (Sl 119.23-24).

    Referindo-se ao homem bem-aventurado, diz:  “Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2).

    A “Lei do Senhor” refere-se  a toda Escritura (contextualmente, a todo o Antigo Testamento), não simplesmente à Lei de Moisés.[1] Em outro lugar o salmista diz: “Com efeito, os teus testemunhos (hd'[e) (`edah) (= prescrições)  são o meu prazer (#pex’)(thaphets), são os meus conselheiros  (hc'[e) (‘etsah) (Sl 119.24).

    Noé é descrito como um homem que tinha esta característica essencial: “Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro (~ymiT’) (tamiym) entre os seus contemporâneos; Noé andava (%l;h’) (halak) com Deus” (Gn 6.9). O texto diz que Noé andava com Deus; tinha profunda comunhão com o Senhor. A integridade se revela em nosso caminhar (Sl 26.1-3,11),[2] a quem seguimos, quais conselhos são por nós adotados.

    O ímpio, diferentemente anda conforme o conselho de seus pares (Sl 1.1)[3] e trazem convites e estímulos perniciosos:

10Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas. 11Se disserem: Vem ($l;y”) (yalak) conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem motivo, os inocentes; (…) 15 Filho meu, não te ponhas a caminho (%l;h’) (halak) com eles; guarda das suas veredas os pés;  16 porque os seus pés correm para o mal e se apressam a derramar sangue. (Pv 1.10,11,15,16).

    Enquanto o homem sem discernimento busca conselho nos ímpios, culminando por assentar-se na companhia dos escarnecedores – possivelmente para convalidar seus interesses e inclinações –, o homem bem-aventurado busca conselho nos mandamentos de Deus (Sl 119.24).

Os conselhos de Deus têm sentido para o tempo, em todas as circunstâncias próprias de nossa finitude, e para nos conduzir em segurança à eternidade, quando o Espírito será tudo em todos: “Tu me guias com o teu conselho (hc'[e) (‘etsãh) e depois me recebes na glória” (Sl 73.24). A Palavra de Deus é um  “guia seguro para o céu”!

    Meus irmãos, precisamos aprender a nos aconselhar com Deus. Isto significa aprender a enxergar os nossos problemas pela ótica da Palavra de Deus; e isto não equivale a buscar a aprovação para as nossas atitudes, buscando apenas o aval de Deus para os nossos desejos; mas, sim, aprender de Deus a sua vontade; buscar em Deus as diretrizes para a nossa ação e resposta.

    Tantas vezes estamos procurando as nossas soluções, seguindo as respostas e sugestões mundanas, nos esquecendo que Deus nos dá, por meio  da sua Palavra, a resposta para todas as nossas dúvidas, incertezas e angústias.

    A vontade de Deus é mais relevante do que os “esquemas” e “complôs” humanos. A Palavra de Deus, quando meditada e praticada, ganha de fato relevo para nós. O que acontece é que muitas vezes nem sequer consideramos o caminho de Deus; não nos detemos nele, parece-nos irrelevante, sem sentido, nada tendo a nos dizer em nosso contexto.  Preferimos, assim,  “andar no conselho dos ímpios”, visto que este nos parece mais salutar e eficiente. Assim, num passo subsequente, nos detemos e nos assentamos na roda dos escarnecedores, indicando que ali nos sentimos à vontade; é a nossa casa (Sl 1.1); ignoramos que o fim disto é a destruição. (Sl 1.4-6).

    A escolha do conselheiro revela, de certa forma, o tipo de conselho que desejo; o salmista se aprazia no conselho de Deus. Daí ele prometer:  “Meditarei nos teus preceitos, e às Tuas veredas terei respeito” (Sl 119.15); ele está como que a dizer: “Apesar de todos os infortúnios e cruel injustiça dos homens, eu encontro prazer em meditar na Tua Palavra, tendo em Teus conselhos a minha recompensa”.

    A nossa santificação está diretamente ligada à esta observação, ou seja, à prática dos decretos de Deus. Gostaria de convidar os irmãos a interromperem esta leitura e a meditarem um pouco, silenciosamente, sobre os seus problemas mais imediatos, ou sobre aqueles que os têm incomodado mais, e a pensarem nas soluções que têm sido buscadas, confrontando-as com a Palavra de Deus.

    Orar, “seja feita  a Tua vontade”, equivale a dizer: “Senhor, aconselha-me e capacita-me a entender e a seguir prazerosamente os Teus conselhos, porque sei que a Tua Vontade é a melhor, porque procede de Ti mesmo, o Deus soberano, santo, justo, sábio e bondoso.” Amém.

Maringá, 22 de janeiro de 2021.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Entre outros, vejam-se: Willem A. VanGemeren, Psalms. In: Frank E. Gaebelein, ed. ger., The Expositor’s Bible Commentary, Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1991, v.  5, (Sl 1), p. 54-55; John Stott, Salmos Favoritos, São Paulo: Abba Press, 1997, p. 8. Compare com Bruce K. Waltke; James M. Houston; Erica Moore, The Psalms as Christian Worship: A Historical Commentary,  Grand Rapids, MI.: Eerdmans, 2010, (Sl 1.2), p. 136 e  Mark D. Futato, Interpretação dos Salmos, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 48-50.

[2]“….Faze-me justiça, SENHOR, pois tenho andado (%l;h’) (halak) na minha integridade e confio no SENHOR, sem vacilar. 2Examina-me, SENHOR, e prova-me; sonda-me o coração e os pensamentos. 3 Pois a tua benignidade, tenho-a perante os olhos e tenho andado (%l;h’) (halak) na tua verdade (…)11Quanto a mim, porém, ando ($l;y”) (yalak) na minha integridade; livra-me e tem compaixão de mim” (Sl 26.1-3,11).

[3]Bem-aventurado o homem que não anda (%l;h’) (halak)no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (Sl 1.1).

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