A Pessoa e Obra do Espírito Santo (475)
7.8. Fortalece-nos (Continuação)
Todas as coisas, todos os eventos; os aparentes acasos e circunstâncias estão nas mãos e controle de Deus.[1] Todo poder é derivado de Deus, não existindo autonomia fora de Deus.[2]
A certeza da soberania de Deus nos permite vê-lo como de fato é,[3] de nada nem de ninguém precisando, antes, se bastando a si mesmo em sua total capacidade de criar, preservar, dirigir, perpetuar e extinguir todas as coisas.
A certeza da soberania absoluta de Deus, deve nos encher de uma profunda alegria e confiança. Nada acontece por acaso.
O desejo de Deus é o melhor para nós. Deus concretiza o seu propósito em santo amor. Por isso, “sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).
Quando Deus disse a Abraão que Sara teria um filho (Gn 18.14), Abraão creu, apesar de Sara ser estéril e estar demasiadamente idosa para gerar um filho. Como bem sabemos, Sara concebeu a Isaque, conforme a promessa de Deus.
No Novo Testamento, Paulo comentando a fé de Abraão, disse: “Não duvidou da promessa de Deus, por incredulidade; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera” (Rm 4.20,21).
Portanto, ainda que não entendamos clara e perfeitamente o que nos está acontecendo, o sentido dos fatos e da história, devemos sempre manter a nossa confiança alicerçada no Deus Soberano. Devemos cultivar em nosso espírito uma atitude de alegre confiança em ação de graças, como recomenda Paulo em duas ocasiões:
Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. (Ef 5.20).
Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. (1Ts 5.18).
Nas Escrituras, há constante demonstração do poder de Deus tendo isto um aspecto pedagógico: para que aprendamos a depositar a nossa confiança no Deus soberano.
Calvino observa que “em virtude de nosso coração incrédulo, o mínimo perigo que ocorre no mundo influi mais em nós do que o poder de Deus. Trememos ante a mais leve tribulação, pois olvidamos ou nutrimos conceitos mui pobres acerca da onipotência divina”.[4]
É preciso que entendamos que a soberania de Deus não significa algo abstrato, antes, o seu cuidado para conosco: “….os seus olhos estão atentos, as suas pálpebras sondam os filhos dos homens” (Sl 11.4).
O poder de Deus é algo concreto e real em nossa vida diária, no nosso sustento e preservação. Essa compreensão de fé deve guiar a nossa perspectiva da realidade e, consequentemente a nossa atuação no mundo.
Não há problemas, por demais complexos que sejam, que se configurem como grandes demais para Deus.
É a este Deus a quem oramos. Ele é o Rei Majestoso; o Senhor de todas as coisas. Ele é também o nosso Pai.
Exponhamos a Deus a nossa fé e, não nos envergonhemos de lhe contar até mesmo a respeito de nossas dúvidas, por vezes, falta de fé e ansiedades.
Deus é o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo; é o Pai da glória e, o Pai Todo-Poderoso. Ele nos recebeu em Cristo. Ele conhece as nossas limitações. Ele cuida paternalmente de nós. Descansemos nele.
Que a certeza do salmista faça parte de nossa fé e experiência: “Pois o SENHOR não há de rejeitar o seu povo, nem desamparar (bz:[) (azab) a sua herança” (Sl 94.14).
Assim, conforme a própria Escritura nos relata, Deus é livre para usar os anjos, os eleitos, os ímpios, Satanás, uma jumenta, os montes, etc. Ele é Quem determina os fins e os meios pelos quais atuará. Portanto, ainda que as evidências apontassem para outra direção, Davi tinha como fundamento de sua fé a certeza da soberania do Deus santo.
Maringá, 08 de maio de 2022.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1]“O mundo pertence a Ele e ainda está em Suas mãos; nosso tempo está totalmente em Suas mãos” (David Martyn Lloyd-Jones, Uma nação sob a ira de Deus: estudos em Isaías 5, 2. ed. Rio de Janeiro: Textus, 2004, p. 47).
[2] “O coração da rebelião de satanás e do homem estava no desejo de ser autônomo” (F.A. Schaeffer, O Deus que intervém, São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 256). Veja-se: John Piper, Pense – A Vida da Mente e o Amor de Deus, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2011, p. 41).
[3]Veja-se: Hermisten M.P. Costa, A soberania de Deus e a responsabilidade humana, Goiânia, GO.: Editora Cruz, 2016.
[4]João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 2, (Sl 68.17), p. 658.