A Pessoa e Obra do Espírito Santo (455)
6.4.13.2. A Igreja se alegra na expectativa da manifestação da glória de Deus
A consciência da vinda de Cristo, da sua iminência, e do seu significado glorioso, gera nos servos de Deus uma alegre expectativa (Lc 21.28; 1Pe 4.12-13).[1]
Calvino estabelece uma relação entre o governo providencial de Deus e a vinda de Cristo, dizendo: “As coisas neste mundo não são governadas de uma maneira uniforme. (…) Deus reserva uma grande parte dos juízos que se propõe executar para o dia final, para que nós estejamos sempre em suspenso, esperando a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.[2]
a) A Igreja, composta por todos os que foram reconciliados com Deus, pela graça, vive firmada na esperança da manifestação da glória de Deus: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; 2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória (do/ca) de Deus”(Rm 5.1-2).
b) O fundamento de nossa esperança é a presença de Cristo em nós: “Aos quais (santos) Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória (do/ca) deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória (do/ca)” (Cl 1.27).
c) Os sofrimentos presentes não servem de comparação com a glória a ser revelada:
Pedro e Paulo em contextos diferentes estimulam as igrejas com esta mensagem de conforto e de esperança:
12 Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; 13 pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória (do/ca), vos alegreis exultando. 14 Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória (do/ca) e de Deus. (1Pe 4.12-14/1Pe 5.1).
Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória (do/ca) a ser revelada em nós. (Rm 8.18).
Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória (do/ca), acima de toda comparação. (2Co 4.17).
Os presbíteros são estimulados no seu trabalho pastoral, sabendo de que são coparticipantes da glória a ser revelada.
A esperança escatológica tem, portanto, implicações sérias em nosso trabalho pastoral:
Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória (do/ca) que há de ser revelada: 2 pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; 3 nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. 4 Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória (do/ca). (1Pe 5.1-4).
Aos efésios Paulo diz que a nossa herança é gloriosa: “Iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória (do/ca) da sua herança nos santos” (Ef 1.18).
d) Deus mesmo nos preserva para nos apresentar perante Ele com alegria: “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória (do/ca)” (Jd 24/Ef 3.16).
Dentro deste propósito Deus nos fortalece com o poder de sua glória: “Sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória (do/ca), em toda a perseverança e longanimidade; com alegria” (Cl 1.11).
A nossa santificação envolve necessariamente a contemplação do Senhor da Glória, Jesus Cristo. Ela consiste num processo glorioso de Deus em nós:“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória (do/ca) em glória (do/ca), na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2Co 3.18).
e) Quando Cristo retornar em Glória todos lhe darão louvor: “9 Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, 11e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória (do/ca) de Deus Pai”(Fp 2.9-11).
f) Um dos aspectos da condenação final é o banimento eterno do homem da glória de Deus: Mesmo o pecado tendo afetado a Criação, a verdade é que o mundo reflete ainda aspectos da glória de Deus. O inferno, no entanto, é a ausência da presença abençoadora de Deus. Portanto, ele consistirá na ausência da manifestação gloriosa do seu poder. “Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória (do/ca) do seu poder” (2Ts 1.9). Estes terão a manifestação da justiça do poder de Deus que os preservará eternamente neste estado, contudo, não mais usufruirão da glória do poder perdoador e abençoador de Deus.[3]
Maringá, 07 de abril de 2022.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1]“12 Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; 13 pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória (do/ca),vos alegreis exultando” (1Pe 4.12-13).
[2]Juan Calvino, El Uso Adecuado de la Afliccion: In: Sermones Sobre Job, Jenison, Michigan: T.E.L.L., 1988, (Sermon nº 19), p. 226.
[3] “O conceito de inferno é o de uma relação negativa com Deus, uma experiência não tanto de sua ausência quanto de sua presença em ira e desagrado” (J.I. Packer, Teologia Concisa, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 239).