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A Pessoa e Obra do Espírito Santo (367) - Hermisten Maia

A Pessoa e Obra do Espírito Santo (367)

c) Louvando a Deus (Continuação)

A lucidez proporcionada pelo Espírito

    No período de 12 de junho de 1559 até meados de abril de 1560 Calvino dedicou-se com afinco a expor o Livro do Profeta Daniel a alunos que estavam sendo treinados para o trabalho missionário, especialmente na França.[1]

    Após cada exposição Calvino encerrava a aula com uma oração. Na 13ª exposição, quando falou de modo especial sobre o culto, ora:

Deus Todo-Poderoso, visto que sempre e de maneira desgraçada nos perdemos em nossos pensamentos e, quando tentamos te adorar; não fazemos nada a não ser profanar a pura e verdadeira adoração de tua divindade e somos mais facilmente levados a superstições depravadas, permite, pois, que permaneçamos na obediência pura de Tua Palavra e nunca nos desviemos para lado algum.[2]

    O Espírito nos estimula e capacita espiritual e intelectualmente a entender e obedecer a Palavra de Deus. Ele nos ilumina, concedendo discernimento para compreender a mente de Deus expressa em sua Palavra. Este enchimento, portanto, é dinâmico estando associado ao Espírito, à Palavra e à obediência.

    Comenta Lloyd-Jones:

O Espírito Santo estimula a mente. Ele é um estímulo direto para o intelecto. Ele realmente desperta as faculdades da pessoa e as desenvolve. Ele não reproduz sobre eles o efeito que o álcool e outras drogas produzem. É o oposto exato disso; é um estímulo verdadeiro.[3]

    Não devo comentar aqui a questão do enchimento do Espírito. Já o fiz em outro lugar. Contudo, devemos enfatizar que “O Espírito Santo nos coloca em um relacionamento correto com Deus e as pessoas”.[4] A sequência do texto de Efésios nos mostra os frutos práticos e concretos desse “enchimento”.

    Este enchimento nunca será definitivo nesta existência, por isso a ordem contínua para todos os crentes, que deve ser uma experiência renovada: Enchei-vos do Espírito! A vida cristã tem algo a dizer sobre qualquer área de nossa existência. O Cristianismo não é uma religião das brechas, mas de todas as facetas da vida.

    Uma vida autenticamente cristã produz seus reflexos em todas as áreas da nossa existência e da sociedade. Destaco apenas um dos pontos apresentados por Paulo.

          “Louvando de coração ao Senhor, com hinos e cânticos espirituais” (Ef 5.19). O enchimento do Espírito evidencia-se no louvor a Deus com cânticos, os quais expressam a integridade e biblicidade da nossa fé.

          Lembremos o contraste feito por Paulo entre a embriaguez dissoluta e a integridade da alegria produzida pelo Espírito, que nos conduz ao conhecimento da vontade de Deus na Palavra. “O conhecimento de Deus não está posto em fria especulação, mas lhe traz consigo o culto”, alerta-nos Calvino.[5]

          Portanto, se o conhecimento de Deus nos conduz ao culto, não podemos adorar e servir a um Deus desconhecido.[6] De modo consequente, também não podemos adorar a Deus de forma contrária à sua Palavra. Portanto, o nosso culto deve estar fundamentado no conhecimento obtido por meio da Palavra.[7] A piedade não pode estar dissociada da fé que confessa que Deus é o autor de todo o bem. Portanto podemos nele descansar sendo conduzidos pela sua Palavra.[8]

          A “Palavra de Cristo” deve nos guiar também em nossa adoração (Cl 3.16). O nosso cântico não visa ser simplesmente agradável e, de modo algum, ter um tom de alegria jovial e frívola, antes deve estar repleto de sentimento espiritual, orientado pelo Espírito na Palavra de Cristo.

           O culto cristão, portanto, é sempre na liberdade do Espírito e nos limites registrados pelo Espírito na Palavra. (Jo 4.23-24; Fp 3.3). O Espírito que inspirou as Escrituras (2Tm 3.16; 2Pe 1.21) é o mesmo Espírito que nos selou e nos “enche”. Não há contradição no Espírito. Por isso, os limites da nossa experiência espiritual estarão sempre dentro da amplitude da revelação bíblica. O que queremos dizer é que: Toda experiência subjetiva real com o Espírito tem a sua objetividade na sua Palavra escrita.  Ninguém em nome do Espírito pode contrariar a Palavra, que é do Espírito (1Co 12.3).

          Portanto, o louvor a Deus deve ser sempre dentro dos princípios da revelação bíblica, praticado com o coração sincero (Am 5.21-23). A verdadeira ortodoxia é bíblica e é corretamente vivida: a vida cristã não pode excluir a doutrina nem esta pode perdurar sem aquela. Conforme acentuou Horton:

A ortodoxia fria é o resultado da absorção da doutrina sem gratidão. O emocionalismo[9] é o resultado da gratidão sem a doutrina. Precisamos tanto da doutrina quanto da resposta. A primeira tendência conduz a uma obsessão pelos dados intelectuais sem expressão no amor, humildade, caridade, boas obras, e adoração genuína. A última é como dizer “obrigado” 142 vezes, sem saber exatamente a razão.[10]

          O remédio para ambos os equívocos está no apego ao ensino de Jesus Cristo: adorar a Deus no Espírito por intermédio da verdade.

Maringá, 11 de dezembro de 2021.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Conforme informações de T.H.L. Parker. Ver: João Calvino, O Profeta Daniel: 1-6, São Paulo: Parakletos, 2000, v. 1, p. 13 e 17.

[2]João Calvino, O Profeta Daniel: 1-6, São Paulo: Parakletos, 2000, v. 1, (Dn 3.2-7), p. 195.

[3] D.M. Lloyd-Jones, Vida No Espírito, p. 16.

[4] John R.W. Stott, Batismo e Plenitude do Espírito Santo, 2. ed. Ampli., São Paulo: Vida Nova, 1986, p. 44.

[5] João Calvino, As Institutas, I.12.1.

[6]John Calvin, Calvin’s Commentaries, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, 1981, v. 17, (Jo 4.22), p. 159.

[7] John Calvin, Calvin’s Commentaries, v. 17, (Jo 4.22), p. 160-161.

[8]Cf. John Calvin, Calvin’s Commentaries, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, 1996 (Reprinted), v. 2/1, (Dt 6.16), p. 422.

[9]“É nosso dever denunciar sempre o emocionalismo, mas que Deus não permita que descartemos a emoção” (D.M. Lloyd-Jones, Deus o Espírito Santo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1998, p. 191).

[10]Michael Horton, As Doutrinas da Maravilhosa Graça, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003, p.87.

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