A Pessoa e Obra do Espírito Santo (341)
Sínteses, recapitulação e algumas considerações germinantes
1) A prática e necessidade da ordenação
Aproveito para fazer um breve comentário sobre a ordenação.
1) Gramaticalmente “ordenar” é o ato por meio do qual admitimos alguém a funções ministeriais ou sacerdotais. Em Israel os sacerdotes, profetas e reis eram ordenados para os seus respectivos ofícios por intermédio de determinados ritos que testemunhavam publicamente o seu chamado e a divina capacitação para desempenhá-lo com eficiência.
2) A ordenação pressupõe sempre o chamado divino ainda que nem sempre as Escrituras apresentem com clareza se e de que modo houve a cerimônia de consagração. Deste modo, os apóstolos foram chamados e ordenados por Cristo (Jo 15.16), Paulo, consciente de sua vocação reconhece-se como apóstolo de Cristo (Gl 1.1). Os setenta discípulos foram designados por Cristo ainda que também não saibamos se houve alguma cerimônia formal para o seu envio. (Lc 10.1ss).
O ato da ordenação confirma isso. Os apóstolos, orando, impuseram as mãos sobre os diáconos eleitos, processando assim esta solenidade. (At 6.6).[1]
3) A vocação interna, ou seja, a consciência do chamado de Deus não implica necessariamente em atos extraordinários de Deus, antes, em:[2]
Esta última observação evidencia-se na manifestação da Igreja por meio de nossa escolha por intermédio dos meios competentes tais como: nomeação, eleição, designação, etc.
4) A ordenação pressupõe a vocação e o exame criterioso do candidato ao ofício (1Tm 4.14). Este ato é acompanhado pela imposição de mãos (At 6.6; 13.3; 1Tm 4.14. 5.22). No Novo Testamento a imposição das mãos implicava que a pessoa foi separada para determinado ofício e que o dom espiritual para o desempenho do mesmo lhe era transmitido. A compreensão Reformada é de que nesta prática temos uma demonstração simbólica da separação de alguém para o desempenho de seu ofício.
Deste modo, quando a Igreja reúne-se em culto público, diante de Deus e de seu povo para proceder a cerimônia de ordenação de oficiais, impondo-lhes, os presbíteros, solenemente as mãos e intercedendo por eles, não está simplesmente praticando um ritual sem um sentido real; antes, indica, entre outras coisas:
- A prática da Igreja consonante com o costume apostólico (At 6.6; 13.2-3; 1Tm 4.14; 2Tm 1.6). Ainda que não haja nenhum mandamento concernente a este rito, a prática bíblica e histórica nos serve de modelo.
- A autoridade do Presbitério (no caso de pastores) ou Conselho para proceder a ordenação, realçando a sua instrumentalidade na consecução da vocação divina: Deus escolhe os seus e Se agencia através da Igreja (At 1.23-26; 13.2-3).
- O testemunho público do Conselho de ter examinado aqueles irmãos, considerando-os aptos para seus respectivos ofícios: A imposição de mãos sobre pessoas desqualificadas torna a igreja que os elegeu e o Conselho que os examinou coniventes (1Tm 5.22).
- A consumação de um processo histórico iniciado pelo Conselho quando, sensível às necessidades da Igreja, promoveu a eleição de oficiais, sendo este ato precedido de oração por parte de toda a Congregação e estudos específicos ministrados pelo pastor a respeito das qualificações bíblicas para o Presbiterato e Diaconato.
- A responsabilidade dos novos oficiais que publicamente foram consagrados ao oficialato da Igreja, indicando o seu compromisso de servir a Deus através de sua igreja.
- O compromisso da Igreja em orar por estes homens que ela mesma, sob a iluminação divina, escolheu para dirigir a Igreja sob a égide de Cristo.
Maringá, 14 de novembro de 2021
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1] Veja-se: Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil, Art. 109 e §§
[2] Ver: Louis Berkhof, Teologia Sistemática,Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1990, p. 591-592.