A Pessoa e Obra do Espírito Santo (170)
2) Justo é o Senhor
Você não é avaliado por Deus de acordo com o que é, mas você é o que Deus diz que você é. – Abraham Kuyper.[1]
Deus é essencial, absoluta e perfeitamente justo em si mesmo e em todas as suas relações. O seu padrão é a justiça. O seu juízo é justo (Sl 45.7/Hb 1.8-9).[2] Ele não é indiferente ao mal, antes, conforme nos ensinam as Escrituras, Ele se revela como justo juiz.[3]
Há um hino composto no século XIX, baseado no Salmo 145.17-18,[4] que diz assim:
Justo é o Senhor em seus santos caminhos,
Benigno em todas as suas obras. (bis)
Perto está o Senhor, perto está dos que o invocam
De todos os que o invocam
Em verdade. Aleluia! Aleluia![5]
Na justiça de Deus vemos estampada a sua glória. Deste modo, voltamos à questão inicial: Quem poderia se considerar justo por si mesmo diante de Deus? “14 Que é o homem, para que seja puro? E o que nasce de mulher, para ser justo? 15 Eis que Deus não confia nem nos seus santos; nem os céus são puros aos seus olhos, 16 quanto menos o homem, que é abominável e corrupto, que bebe a iniquidade como a água!” (Jó 15.14-16).[6]
A natureza santa de Deus é a lei a partir da qual todas as demais leis devem ser avaliadas. O padrão da justiça de Deus é-nos revelado nas Escrituras.[7]
Conforme vimos, a retidão de Deus é consoante à sua justiça. A justiça é a manifestação do caráter essencialmente santo de Deus. Deus é justo em todos os seus atos, não se desviando de seu próprio padrão que é decorrente de sua santidade.
A prática da justiça que pode ser chamada de retidão significa agir conforme o caráter de Deus, aquele que é justo absolutamente. Deus é o próprio padrão: “….Deus é fidelidade, e não há nele injustiça: é reto e justo (qyDIc;) (tsadiyq)”(Dt 32.4). “Justo (qyDIc;) (tsadiyq) é o SENHOR em todos os seus caminhos, benigno em todas as suas obras” (Sl 145.17).
O trono do Senhor está fundamentado em sua própria natureza santa, verdadeira e justa. É deste modo que ele governa: “Justiça (qd,c) (tsedeq) e direito são o fundamento do teu trono; graça e verdade te precedem”(Sl 89.14).
Justamente por este fato, devemos confiantemente nos aquietar e nos alegrar no conforto de suas promessas e louvá-lo. Afinal, o fundamento do seu trono permanece inabalável. “Reina o SENHOR. Regozije-se a terra, alegrem-se as muitas ilhas. Nuvens e escuridão o rodeiam, justiça (qd,c) (tsedeq) e juízo são a base do seu trono” (Sl 97.1-2).
Maringá, 25 de abril de 2021. Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1] Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 380. Do mesmo modo, página 385.
[2]“Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria, como a nenhum dos teus companheiros” (Sl 45.7). “8….acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de equidade é o cetro do seu reino. 9 Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros” (Hb 1.8-9).
[3] Veja-se: J.I. Packer, O Conhecimento de Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 2014, p. 129-137. “Não obstante a confusão reinante no mundo, é certo que Ele jamais cessa de exercer a função de Juiz. Todos quanto se derem ao trabalho de abrir seus olhos para contemplarem o governo do mundo, verão distintamente que a paciência de Deus é muito diferente de aprovação ou conivência. Seguramente, pois, seu próprio povo, confiadamente, a Ele recorrerá a cada dia” (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 1, (Sl 7.11), p. 149).
[4]“17Justo é o SENHOR em todos os seus caminhos, benigno em todas as suas obras. 18Perto está o SENHOR de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade” (Sl 145.17-18).
[5]Composição original para coro feita por Lowell Mason (1792-1872), adaptada em 1974 pela professora e soprano Atenilde Cunha (1931-2009). Extraído no Hinário Presbiteriano, Novo Cântico, nº 1, Doxologia.
[6]“Não há ninguém que com maior descaro se atreva a falar da justiça das obras do que quem publicamente não passa de perdido e está carregado de pecados de todos conhecidos, ou, melhor, por dentro estão cheios de vícios e maus intentos. Isso acontece porque não cogitam da justiça de Deus, pela qual se fossem afetados sequer de um mínimo sentimento, nunca a teriam em tão grande desconsideração. De fato, na verdade ela é desmedidamente desvalorizada, se não é de tal forma reconhecida que nada dela seja aceito, se nada é íntegro e absolutamente isento de toda mancha, o que jamais se encontrará nem poderá ser encontrado em homem algum” (João Calvino, As Institutas, III.12.1).
[7] Veja-se: Louis Berkhof, Teologia Sistemática, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1990, p. 77-78.