A Pessoa e Obra do Espírito Santo (109)
6.2.3. O Espírito Santo no batismo de Jesus Cristo
“16 Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. 17 E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.16-17).
Aqui nos deparamos com algo incompreensível a nós, excedendo em muito ao nosso entendimento (Ef3.19):[1]Deus paga um altíssimo preço para nos libertar.[2]Paulo diz que fomos comprados por preço (1Co6.20); portanto, devemos glorificar a Deus em nosso corpo. No entanto, Aquele que seria oferecido por nós, inimigos de Deus, foi o seu próprio Filho, que é descrito por Paulo como o “Amado” (Ef1.6). De fato, antes da criação de todas as coisas, antes da existência dos anjos ou de qualquer outra criatura, Jesus Cristo era e sempre será o “Amado”. Aqui o Pai publica essa realidade eterna.
Como entender, ainda que parcialmente, este amor sacrificial de Deus, capaz de dar o “Amado” pelos inimigos amados? Entregar amados menores pelo Amado, conseguimos entender, contudo, dar o Amado pelos Seus inimigos, sim, amados, porém inimigos, isto não faz sentido em nossa lógica.De fato, não temos categorias que nos permitam compreender este mistério. O nosso consolo e alegria consistem em saber que Deus é amor e que Ele nos ama em Cristo Jesus, o Amado.[1]
Jesus Cristo é a prova mais evidente de que Deus nos ama:
Porque Deus amou (a)gapa/w) o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou (a)poste/llw) o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. (Jo3.16-17).[2]
No Batismo não houve nenhuma mudança metafísica no ser de Cristo, nem Ele passou a ter uma relação nova com o Pai. Entretanto, neste ato histórico, vemos a manifestação da Trindade comprometida com toda a História da Redenção envolvendo a salvação de seu povo.
Jesus Cristo foi ungido desde toda a eternidade.[1] Há referências no Antigo Testamento que falam da sua habitação do Espírito, indicando desta forma, a sua unção, a sua capacitação eterna para o cumprimento da sua obra (Is 11.2; 42.1; 61.1).
Todavia, historicamente, Ele foi ungido por ocasião da geração e santificação do “Filho de Deus” em Maria (Lc 1.35) e, também, no batismo, quando Ele começaria oficialmente o seu Ministério (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22; Jo 1.32; 3.34; At 10.38).
A demonstração histórica foi a representação visível, no tempo, daquilo que é eterno. O Logos esteve eternamente capacitado para ser o salvador dos eleitos; e agora, encarnado recebe esta confirmação do Pai e do Espírito: a salvação é obra da Trindade. Por isso, todas as três Pessoas estão empenhadas na execução deste Pacto salvador. O Filho se dispõe a salvar o seu povo – assumindo a forma de servo até à morte (Fp 2.5-11) –, o Espírito o fortalece e o Pai manifesta verbalmente a sua aprovação e prazer.
O batismo de Jesus marca a consagração ao seu ofício; capacitação e oficialização de seu Ministério público.[2] (Cf. Lc 4.16-21).
Maringá, 12 de fevereiro de 2020.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1]Veja-se: Agostinho, A Trindade,São Paulo: Paulus, 1994, XV.26.46. p. 547-548.
[2]“E conhecer o amor (a)ga/ph) de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.19).
[3]“Tão espantoso e tão infinitamente rico é o amor de Deus por nós que jamais seremos capazes de medi-lo. Por toda a eternidade, os mistérios desse amor, infinitos em número, continuarão a ser-nos revelados” (W. Hendriksen, Romanos, São Paulo: Cultura Cristã, 2001, (Rm 3.31), p. 184).
[4] Trato desse assunto com mais detalhes em: Hermisten M.P. Costa, Efésios: O Deus Bendito, São Paulo: Cultura Cristã, 2011. [1]“Jo 3.16 fez a espantosa, incompreensível, impenetrável, profunda e quase incrível declaração de que o santo Deus ama soberanamente pecadores que merecem o inferno, e que os ama tanto que quis que o Seu Filho unigênito, a quem Ele ama com todo o amor do Seu coração infinito, sofresse no inferno em lugar deles!” (R.B. Kuiper, Evangelização Teocêntrica,São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1976, p. 18).
[5] Veja-se: Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 131-132.
[6]Vejam-se: Sinclair Ferguson, O Espírito Santo,p. 57; Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 131; Edwin H. Palmer, El Espiritu Santo,Edinburgh: El Estandarte de la Verdad, (s.d.), Edición Revisada, p. 85.