Uma oração intercessória pela Igreja (38)
4.1.5.3. Manifestações do Senhorio Pastoral de Cristo (Continuação)
F. Confirma-nos
Deus em sua graça chama eficazmente o seu povo. O seu chamado não cai no vazio nem se frustra em seu processo de consolidação. No tempo próprio Ele o congrega, constituindo assim a sua Igreja. A estes, eficazmente chamados, Deus confirma em sua fé, os fazendo amadurecer, crescendo de forma progressiva até à consumação da sua obra em nós. (2Pe 1.3-11).
Paulo, considerando a história da igreja de Corinto, que ele mesmo iniciara, dá graças a Deus pelo progresso dos fiéis em sua caminhada de fé, aguardando o regresso glorioso de Cristo.
4 Sempre dou graças a meu Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus; 5 porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento; 6 assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós, 7 de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo, 8 o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. (1Co 1.4-9).
A certeza quanto à firmeza daqueles irmãos, repousava na sua convicção de que o Senhor nos confirma até o fim. Os que creem salvadoramente são confiados ao Senhor, visto que Ele mesmo começou a obra da salvação em nós, regenerando-nos, concedendo-nos o arrependimento e a fé. O próprio Senhor concluirá a sua obra salvadora em seu povo. (Fp 1.6).
Paulo dirigindo-se à igreja de Tessalônica que vivia sob pressão, a consola e estimula na certeza do cuidado preservador de Deus: “Todavia, o Senhor é fiel; ele vos confirmará e guardará do Maligno” (2Ts 3.3).
G. Faz crescer reciprocamente o amor fraterno da Igreja
Paulo orou ao Senhor no sentido de que a igreja de Tessalônica, tão evidente em seu amor, crescesse ainda mais:
12E o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco, 13 a fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos. (1Ts 3.12-13).
Aqui aprendemos também que devemos reservar um tempo para orar pelos nossos irmãos e por nós mesmos. Nem sempre somos tão dignos de amor como imaginamos. Paulo ora no sentido de que o amor aumentasse reciprocamente. Este crescimento no amor se manifestaria em santidade na presença de Deus.
H. Alimenta e cuida da sua Igreja
A união de Cristo com a Igreja, o seu corpo, é vital e real.[1] O Senhor cuida de nós nos alimentando para que sejamos nutridos espiritualmente visando à nossa maturidade.
Paulo se vale dessa figura tomada como modelo e fundamento para o cuidado que o marido deve dispensar à sua esposa: “Ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta (e)ktre/fw) (nutrir, sustentar)[2] e dela cuida (qa/lpw) (aquecer, acalentar,[3] cuidar com afeição e carinho, acariciar[4]), como também Cristo[5] o faz com a igreja” (Ef 5.29).
Deus cuida de sua igreja de forma amorosa e terna. Ele nos conduz suavemente em prol de uma vida mais rica na sua presença. A igreja é constituída de crentes que ainda são pecadores, mas, que são amados e mantidos próximos de Deus, sendo assim guardados, protegidos e santificados.
Hendriksen (1900-1982) comenta:
Não existe um momento sequer que Cristo deixe de cuidar ternamente de seu corpo – a igreja. Vivemos sob sua constante vigilância. Seus olhos estão constantemente sobre nós, desde o início do ano até ao final do mesmo (cf. Dt 11.12). Portanto, lancemos sobre Ele toda a nossa ansiedade, convencidos de que somos objetos de sua solicitude pessoal (1Pe 5.7), objetos de sua mui especial providência.[6]
Maringá, 7 de maio de 2023.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1] “É-nos suficiente saber que Cristo e seu povo são realmente um. São tão verdadeiramente um como a cabeça e os membros do mesmo corpo, e pela mesma razão; são envolvidos e animados pelo mesmo Espírito. Não se trata meramente de uma união de sentimentos, ideias e interesses. Esta é só a consequência da união vital na qual as Escrituras põem tanta ênfase” (Charles Hodge, Teologia Sistemática, São Paulo: Hagnos, 2001, p. 1004).
[2] Ocorre apenas duas vezes no NT., unicamente em Efésios: 5.29 e 6.4. A palavra apresenta a ideia de alimentar, sustentar, nutrir, educar. Calvino diz que este verbo “inquestionavelmente comunica a ideia de gentileza e afabilidade” (João Calvino, Efésios,(Ef 6.4), p. 181).
[3]Conferir, entre outros: William F. Arndt; F. WilburGingrich A Greek-English Lexicon of the New Testament, Chicago: The University of Chicago Press, 1957, p. 351.
[4]1Ts 2.7.
[5] Aqui há uma variante textual que em nada modifica o sentido ou a teologia do texto. Em muitos manuscritos aparece a palavra Ku/rioj.
[6] William Hendriksen, Efésios,São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992, (Ef 5.30), p. 317.