O Ser, as pessoas e as coisas: ontologia, epistemologia e ética (16)
A Palavra como base segura e confiável
Deste modo, a Palavra se constitui em base segura e confiável sobre a qual podemos dirigir nossa vida.
Toda a Palavra do Senhor é igualmente verdadeira, não havendo contradição, sendo ela a própria verdade que permanece, não estando circunscrita a tempos e épocas.
A Palavra de Deus não traz meias verdades. Ela é a verdade absoluta de Deus para o homem.
É por meio dela que conhecemos o caminho de Deus. O salmista, alegando a sua integridade, ora: “Pois a tua benignidade, tenho-a perante os olhos e tenho andado na tua verdade (tm,a/) (‘emeth)” (Sl 26.3).
Suplicar a direção de Deus
Devemos orar para que Deus nos guie, nos concedendo discernimento no caminho da verdade. É neste sentido que o salmista ora:“Ensina-me, (hr’y”) (yarah) SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade (tm,a/) (‘emeth); dispõe-me o coração para só temer o teu nome” (Sl 86.11/Sl 26.3).
Outra vez: “Guia-me na tua verdade (tm,a/) (‘emeth) e ensina-me (למד) (lamad), pois tu és o Deus da minha salvação, em quem eu espero todo o dia” (Sl 25.5).
Instruído pelo Senhor, o salmista, por graça, escolheu o caminho proposto por Deus: “Escolhi o caminho da fidelidade (hn”Wma/) (‘emunah) e decidi-me pelos teus juízos (jP’v.mi) (mishpat)” (Sl 119.30).
Deus nos guarda misericordiosamente por meio da verdade
Convicto da direção e do cuidado amoroso de Deus, ora o salmista: “Não retenhas de mim, SENHOR, as tuas misericórdias; guardem-me sempre a tua graça e a tua verdade (tm,a/) (‘emeth)” (Sl 40.11).
As Escrituras nos mostram que a verdade de Deus nos ilumina: “Envia a tua luz e a tua verdade (tm,a/) (‘emeth), para que me guiem e me levem ao teu santo monte e aos teus tabernáculos”(Sl 43.3).
Deus tem prazer em nossa integridade; coração sincero e verdadeiro:
Deus aborrece a mentira e a falsidade, mas, tem prazer na verdade: “Eis que te comprazes na verdade (tm,a/) (‘emeth) no íntimo e no recôndito me fazes conhecer a sabedoria” (Sl 51.6).
Deus deseja que nos relacionemos com Ele em fidelidade do mesmo modo que Ele se relaciona conosco: A nossa resposta deve ser condizente com a santidade e integridade de Deus (Lv 19.2).
Esta é a palavra de Josué ao povo de Israel: “Agora, pois, temei ao SENHOR e servi-o com integridade e com fidelidade (tm,a/) (‘emeth); deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao SENHOR” (Js 24.14).
De modo semelhante Samuel instrui ao povo que o rejeitara: “Tão-somente, pois, temei ao SENHOR e servi-o fielmente (tm,a/) (‘emeth) de todo o vosso coração; pois vede quão grandiosas coisas vos fez” (1Sm 12.24).
Ele é sensível à oração dos fiéis: “Perto está o SENHOR de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade (tm,a/) (‘emeth)” (Sl 145.18).
“O fim para o qual Deus deu a sua verdade não foi somente para a instrução de nossas mentes, mas muito mais para a transformação de nossas vidas”, enfatiza Albert N. Martin.[1]
Oração e meditação amparadas na fidelidade de Deus
O nosso clamor se ampara na veracidade de Deus. As sus promessas são verdadeiras, posso confiar em todo momento e circunstâncias. Essa é a confiança do salmista: “Quanto a mim, porém, SENHOR, faço a ti, em tempo favorável, a minha oração. Responde-me, ó Deus, pela riqueza da tua graça; pela tua fidelidade (tm,a/) (‘emeth) em socorrer” (Sl 69.13).
Enquanto aguardamos com perseverante fé a resposta de Deus, devemos nos alimentar da verdade expressando isso em louvor e adoração. Essa é a experiência comum aos servos de Deus:
Confia no SENHOR e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade (hn”Wma/) (‘emunah). (Sl 37.3).
Não ocultei no coração a tua justiça; proclamei a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande congregação a tua graça e a tua verdade (tm,a/) (‘emeth). (Sl 40.10).
Eu também te louvo com a lira, celebro a tua verdade (tm,a/) (‘emeth), ó meu Deus; cantar-te-ei salmos na harpa, ó Santo de Israel. (Sl 71.22).
Devemos magnificar a Deus considerando, inclusive, a sua verdade. Davi o fez diante dos “deuses” da terra. A nossa obediência a Deus tomando como princípios diretores a sua Palavra é um indicativo significativo de a quem de fato servimos e honramos:
1Render-te-ei graças, SENHOR, de todo o meu coração; na presença dos poderosos (~yhil{a/) te cantarei louvores. 2 Prostrar-me-ei para o teu santo templo e louvarei o teu nome, por causa da tua misericórdia e da tua verdade (tm,a/) (‘emeth), pois magnificaste acima de tudo o teu nome e a tua palavra. (Sl 138.1-2).
Quando nos alimentamos da verdade, podemos caminhar em segurança, fortalecemos o nosso coração, nos enchendo de esperança proveniente da Palavra.
Maringá, 01 de julho de 2022.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1]Albert N. Martin, As implicações práticas do calvinismo, São Paulo: Os Puritanos, 2001, p. 9-10.