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A Pessoa e Obra do Espírito Santo (490) - Hermisten Maia

A Pessoa e Obra do Espírito Santo (490)

5. Intercessão pelos santos

Porque não podemos socorrer com os nossos bens senão aqueles cuja pobreza conhecemos, mas podemos e devemos ajudar pela oração mesmo aqueles dos quais não temos conhecimento, e que estão distantes de nós por qualquer distância que haja no tempo ou no espaço. Isso se faz por causa da amplitude geral das orações, amplitude que abrange todos os filhos de Deus, no número dos quais eles também estão incluídos – João Calvino.[1]

         “17 Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;  18 com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos  19 e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho,  20 pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo” (Ef 6.17-20).

            O crente cheio do Espírito ora por todos os santos a fim de que eles possam resistir às tentações, tenham coragem, sabedoria e intrepidez no testemunho do Evangelho, mediante o genuíno conhecimento de Cristo (Fp 1.4; Cl 1.9-12; 1Ts 5.25; 2Ts 1.11,12; 3.1,2; Tg 5.16/Jo 17.9,15,17,20,21).

Temos como forte alento em nossa caminhada espiritual a intercessão recíproca de nossos irmãos. Devemos, portanto, orar uns pelos outros para que juntos permaneçamos firmes na fé.

Muitas vezes só nos lembramos de orar pelos nossos irmãos quando eles estão passando momentos de dor e aflição; no entanto, a Bíblia nos ensina também a orar dando graças pela sua fé e a interceder para que permaneçam fiéis à Palavra.

Paulo relata aos irmãos de Colossos a sua alegria pelo progresso espiritual da Igreja, fazendo menção da fé, do amor e esperança que eram evidentes no testemunho dos colossenses (Cl 1.3-8).

Em seguida, Paulo fala de sua intercessão pela igreja, para que os irmãos perseverassem em sua fé:

Não cessamos de orar por vós, de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra, e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança (u(pomonh/) e longanimidade; com alegria, dando graças ao Pai que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz.(Cl 1.9-12).

Aos tessalonicenses, por quem Paulo louvava a Deus pelo amor, firmeza e fé (1Ts 1.2-3; 2Ts 1.3-4), faz uma oração: “Ora, o Senhor conduza os vossos corações ao amor de Deus e à constância (u(pomonh/) de Cristo”(2Ts 3.5).   Paulo além de agradecer a Deus pela igreja, intercedia por ela (Rm 1.8; Ef 1.16; Fp 1.3-4; Cl 1.3-4).[2]

            A intercessão de Cristo em nosso favor, mesmo nas vésperas de sua crucificação, aponta para a severidade da nossa condição.[3] Contudo, temos aqui um grande conforto. O Senhor cuida de nós. Ele jamais se esquece do seu povo: “Pois o necessitado não será para sempre esquecido, e a esperança dos aflitos não se há de frustrar perpetuamente” (Sl 9.18).

O próprio Cristo, sabendo da severa tentação de Pedro, diz rogar por este: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo. Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça….” (Lc 22.31,32).

Jesus Cristo em seu cuidado pela Igreja se constitui em um modelo para nós. Pelo seu ensino e oração, somos estimulados a orar uns pelos outros, vencendo a tentação tão natural de cuidarmos unicamente daquilo que consideramos nossos interesses.[4]

            Paulo, diante dos desafios que enfrentava, pede aos tessalonicenses:“Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague, e seja glorificada, como também está acontecendo entre vós”(2Ts 3.1).(Veja-se: Rm 15.30-32). Do mesmo modo, o escritor de Hebreus:“Orai por nós, pois estamos persuadidos de termos boa consciência desejando em todas as cousas viver condignamente”(Hb 13.18).Tiago resume este princípio: “Orai uns pelos outros…” (Tg 5.16).

            A vontade de Deus é que oremos pelos nossos irmãos, para que o seu testemunho permaneça como evidência de sua fé inabalável em Deus. (Desenvolvi mais amplamente este assunto quando tratei da unidade prática da Igreja.)

Maringá, 29 de maio de 2022.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v.. 3, (IX.37), p. 121.

[2] Veja-se: também: 1Co 1.4; Cl 1.12; 1Ts 1.2,3; 2.13; 3.9; 2Ts 1.3; 2.13; Fm 4.

[3] D.M. Lloyd-Jones, Seguros Mesmo no Mundo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2005 (Certeza Espiritual: Vol. 2), p. 147ss.

[4] “Somos (…) incitados pelo Espírito Santo ao dever da oração em favor do bem-estar comum da Igreja. Enquanto cada pessoa toma suficiente cuidado em prol de seus próprios interesses individuais, raramente encontramos um em uma centena que se sinta afetado pelas calamidades da Igreja” (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Parakletos, 2002, v. 3, (Sl  102.1), p. 563).

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