A Pessoa e Obra do Espírito Santo (412)
6.4.10.2.5. Comunidade Educadora
A ideia de que a Bíblia deve ser estudada com método e regularmente está, felizmente, triunfando por toda parte. ‒ Baldomero Garcia.[1]
À Escola Dominical cabe a tarefa gloriosa de ministrar à comunidade o ensino sistemático da Bíblia Sagrada. ‒ Renato Ribeiro dos Santos (1898-1967). [2]
O nosso ponto aqui é que evangelizar e ensinar são atividades inseparáveis e permanentes da Igreja de Cristo.[3]
A proclamação compete a nós; é uma responsabilidade inalienável e essencial de toda a Igreja.[4] Como temos visto, não compreendemos exaustivamente a relação entre a Soberania de Deus e a responsabilidade humana, contudo, a Bíblia ensina estas duas verdades: Deus é Soberano e o homem é responsável diante de Deus por suas decisões (Rm 1.18-2.16).[5] O nosso confronto com os mistérios da Palavra deve nos conduzir à adoração sincera (Rm 11.33-36).
Em nosso testemunho, procuramos anunciar o Evangelho de forma inteligível, nos dirigindo a seres racionais a fim de que entendam a mensagem e creiam; por isso, ao mesmo tempo em que sabemos que é Deus quem converte o pecador, devemos usar os recursos de que dispomos – que não contrariem a Palavra de Deus -, para atingir a todos os homens.[6]
A nossa proclamação deve ser apaixonada, no sentido de que queremos alertar os homens para a realidade do Evangelho, “persuadindo-os” pelo Espírito, a se arrependerem de seus pecados e a se voltarem para Deus. (Vejam-se: Lc 5.10; Rm 11.13-14; 1Co 9.19-23; 2Co 5.11)[7].[8] Cremos que o Espírito da Verdade nos capacita a proclamar o Evangelho com fidelidade e sabedoria. Evangelizar não é um exercício de aniquilamento da razão, antes é um desafio à utilização de uma mente sã, que só pode ser restaurada pelo poder do Espírito. Toda verdade procede de Deus e, o Espírito de Deus nos concede este discernimento na compreensão e no uso da verdade. “O Espírito Santo é o Espírito da verdade, que se importa com a verdade, ensina a verdade e dá testemunho da verdade”, comenta Stott.[9]
A fé cristã fundamenta-se na história. Ela não exige uma crença destituída de fundamento, antes nos desafia a verificar e analisar os fatos conforme são registrados nas Escrituras.
Maringá, 25 de fevereiro de 2022.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1] Baldomero Garcia, A Escola Dominical nas Nossas Egrejas: In: Revista das Missões Nacionaes,outubro de 1911, p. 1. (Este artigo relata a Segunda Convenção de Escolas Dominicais realizada de 24 a 28 de agosto de 1911 no Rio de Janeiro).
[2]Renato Ribeiro dos Santos, Educação Religiosa e Hinologia: In: O Puritano,10 e 25/09/1951, p. 4.
[3]Vejam-se: J.I. Packer, Evangelização e Soberania de Deus, p. 35-36; R.B. Kuiper, El Cuerpo Glorioso de Cristo, p. 227-233; Idem., Evangelização e Soberania de Deus, p. 49-50; John R.W. Stott, Crer é Também Pensar, São Paulo: ABU., 2. impressão, 1984, p. 45-51; John R.W. Stott, Eu Creio na Pregação, São Paulo: Editora Vida, 2003, p. 129ss.; Sidney Greidanus, O pregador contemporâneo e o texto antigo: interpretando e pregando literatura bíblica, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 22-23.
[4] “A evangelização é a inalienável responsabilidade de toda comunidade cristã, bem como de todo indivíduo crente” (J.I. Packer, Evangelização e Soberania de Deus, p. 21).
[5] Vejam-se: J.I. Packer, Evangelização e Soberania de Deus, p. 16-27; R.B. Kuiper, Evangelização Teocêntrica, p. 27.
[6] Vejam-se: John Piper, Pense – A Vida da Mente e o Amor de Deus, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2011, p. 114; Nathan Busenitz, A Palavra da Verdade em um mundo de erro: Fundamentos da apologética Cristã: In: John MacArthur, et. al. Evangelismo: compartilhando o Evangelho com fidelidade, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2012, p. 72ss.
[7]“….Disse Jesus a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens” (Lc 5.10). “Dirijo-me a vós outros, que sois gentios! Visto, pois, que eu sou apóstolo dos gentios, glorifico o meu ministério, para ver se, de algum modo, posso incitar à emulação os do meu povo e salvar alguns deles” (Rm 11.13-14). “Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei. Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele” (1Co 9.19-23). “E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens e somos cabalmente conhecidos por Deus; e espero que também a vossa consciência nos reconheça” (2Co 5.11).
[8] Veja-se: J.I. Packer, Evangelização e Soberania de Deus, p. 36-37.
[9]John R.W. Stott, A Verdade do Evangelho: um apelo à Unidade, Curitiba, PR.; São Paulo, SP.: Encontro; ABU., 2000, p. 130.