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A Pessoa e Obra do Espírito Santo (385) - Hermisten Maia

A Pessoa e Obra do Espírito Santo (385)

6.4.9.1.5. Na disciplina (Continuação)

Quando os crentes, em sua fraqueza cedem à tentação, podem cair em sérios e terríveis pecados. Nesta condição, incorrem na ira de Deus, entristecendo o seu Santo Espírito e, por isso, entre as consequências de seus atos voluntários, não encontram paz em seus corações, até que por meio da disciplina de Deus tornam a Ele arrependidos, voltando a usufruir as bênçãos da comunhão com o Senhor.

          Diz os Cânones de Dort:

A lamentável queda de Davi, Pedro e outros santos, descrita na Sagrada Escritura, demonstra isto. Por tais pecados grosseiros, entretanto, eles causam a ira de Deus, se tornam culpados da morte, entristecem o Espírito Santo, suspendem o exercício da fé, ferem profundamente suas consciências e algumas vezes perdem temporariamente a sensação da graça. Mas quando retornam ao reto caminho por meio de arrependimento sincero, logo a face paternal de Deus brilha novamente sobre eles. (V.4-5).

A igreja precisa se valer de pastores fiéis e sábios para exercerem esta atividade com firmeza e amor, amparando-se no ensino das Escrituras, a fim de que o irmão faltoso, por graça, volte à comunhão com Deus.

Escreve o apóstolo:

24 Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, 25 disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, 26 mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade. (2Tm 2.24-26).

          A omissão por parte da igreja constituída em disciplinar o faltoso, é um erro grave com consequências que podem ser desastrosas. Além disso, ela se coloca sob o juízo de Deus (Ap 2.14-15; 2.19-20).[1] Por outro lado, a atitude do faltoso após a disciplina é responsabilidade pessoal dele diante de Deus.

          Na disciplina de Deus aplicada a seus servos, vemos a demonstração do seu amor para conduzi-los a uma meta mais elevada e gloriosa. Calvino corretamente entende que a disciplina divina revela a sua preocupação com a nossa salvação:

Pois embora seja possível que Ele nos castigue, todavia não nos rejeita imediatamente, senão que, ao contrário, dessa forma testifica que nossa salvação é o objeto do seu cuidado.[2]

Os eleitos, tanto quanto os réprobos, estão sujeitos aos castigos temporários que pertencem somente à carne. A diferença entre os dois casos está unicamente no resultado; pois Deus converte aquilo que em si mesmo é um emblema de sua ira em meios de salvação de seus próprios filhos.[3]

Quando ficamos sabendo que os castigos de Deus são açoites paternais, não é nosso dever tornar-nos filhos dóceis, em vez de, resistindo, imitar aqueles para os quais já não há esperança, endurecidos que estão por suas más obras? Estaríamos perdidos, se o Senhor não nos puxasse para Si por meio dos Seus corretivos quando caímos.[4]

   Maringá, 16 de janeiro de 2022.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1]À Igreja de Pérgamo: 14Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição. 15 Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas” (Ap 2.14-15). À Igreja de Tiatira: 19 Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras. 20 Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos” (Ap 2.19-20).  Veja-se: John Armstrong, Chorar pelos que erram e os caídos erguer: In: John MacArthur, et. al. Avante, Soldados de Cristo: uma reafirmação bíblica da Igreja, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 92-93.

[2]João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Parakletos, 2002, v. 3, (Sl 79.10), p. 259.

[3]João Calvino, O Livro dos Salmos, v. 3, (Sl 79.1), p. 250.

[4]João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 4, (IV.17), p. 204.

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