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A Pessoa e Obra do Espírito Santo (330) - Hermisten Maia

A Pessoa e Obra do Espírito Santo (330)

6.4.7.5. Os fiéis despenseiros de Deus e algumas de suas tentações: um estudo de caso (1Co 3.1-4.21) 

Introdução 

Por vezes, por meio de uma nomenclatura quase abstrata, nos referimos à “Igreja Primitiva” como um modelo de Igreja. Para começar, devemos enfatizar que não existe somente uma única igreja em Atos e nas epístolas. Temos diversas igrejas locais que enfrentavam problemas diversos, alguns bastante graves, os quais foram alvos de tratamento direto e radical (Ananias e Safira), enfrentamento (Paulo em relação a Pedro; Paulo em relação a Marcos), e métodos de ensino, correção, admoestação, consolo, etc. 

As epístolas são ricas em informações sobre as igrejas do primeiro século. Elas transformam as casas dos crentes em paredes de vidro que nos permitem ver o seu interior de beleza, santidade, fraternidade mas, também de lutas, fraquezas e pecados dos mais variados.  

Isso nos conduz à igreja de Corinto. Por meio das duas epístolas escritas por Paulo que foram preservadas, adquirimos um conhecimento das entranhas de uma grande igreja que, se não é o espelho das demais, nos oferece uma amostra concreta das grandes dificuldades enfrentadas pelos crentes em sua imaturidade e pecaminosidade. 

Uma pergunta que, por vezes pode nos inquietar, é a seguinte: 

6.4.7.5.1. A Igreja de Corinto é de Deus? 

 Nos capítulos 1 e 3 de 1 Coríntios, percebemos diversos problemas na igreja de Corinto. Destaquemos alguns: 

1) Ciúme, partidarismo e promiscuidade 

                                                        Paulo dispôs de várias informações concernentes à igreja de Corinto. As fontes pareciam ser distintas. Contudo, apontavam em direção semelhante. A igreja vivia em contendas, divisões, imoralidade, arrogância e conivência. Paulo na primeira carta exorta a igreja e promove a disciplina de um irmão que praticava grave pecado de imoralidade:  

Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado (dhlo/w) (= relatar, declarar, revelar, tornar claro, dar a entender),1 pelos da casa de Cloe, de que há contendas (e)/rij) (= provocações, divisões, querelas) entre vós (1Co 1.11). 

Porque, antes de tudo, estou informado (a)kou/whaver divisões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio (1Co 11.18).  

Geralmente, se ouve (a)kou/wque há entre vós imoralidade (pornei/a) (impureza,2 devassidão,3 prostituição,4 relações sexuais ilícitas5e imoralidade (pornei/a) tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. 2 E, contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou? 3 Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente… (1Co 5.1-3). 

Paulo exerceu o seu juízo crítico: Certamente considerando as fontes diferentes e o histórico da igreja, sabia que havia elementos de verdade nas informações. 

Esses casos eram recorrentes em Corinto.  

3Porquanto, havendo entre vós ciúmes (zh/loj) (= conforme o alvo proposto: inveja, má-vontade) e contendas (e)/rij) (= provocações, divisões, querelas), não é assim que sois carnais  (sarkiko/j) (= de acordo com a carne) e andais segundo o homem? 4Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não é evidente que andais segundo os homens? (1Co.3.3-4/2Co 12.20). 

Mais tarde, quando escreve a segunda carta que temos, diz com tristeza: “Receio que, indo outra vez, o meu Deus me humilhe no meio de vós, e eu venha a chorar por muitos que, outrora, pecaram e não se arrependeram da impureza (a)kaqarsi/a), prostituição (pornei/a) e lascívia (a)se/lgeia)6 (= devassidão, licenciosidade, libertinagem) que cometeram” (2Co 12.21).   

2) Perda da dimensão da Glória de Cristo 

“Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo” (1Co 1.12). 

Os crentes coríntios em sua loucura espiritual, colocaram a Cristo no mesmo nível de seus servos. Por isso a pergunta absurda de Paulo: “Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?” (1Co 1.13). 

Maringá, 02 de novembro de 2021. 

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa 


[1]Vejam-se: W. Mundle, Revelação: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento,São Paulo: Vida Nova, 1981-1983, v. 4, p. 226-227; R. Bultmann, dhlo/w: In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1982 (Reprinted), v. 2, p. 61-62; G. Schunack, dhlo/w: In: Horst Balz; G. Schneider, eds. Exegetical Dictionary of the New Testament, Grand Rapids, MI.: Eerdmans, 1999 (Reprinted), v. 1, p. 294-295.
[2]1Co 6.13,18; 7.2.
[3] Ap 17.2.
[4]2Co 12.21; Cl 3.5; 1Ts 4.3, etc.
[5]Mt 5.32; At 15.20, etc.
[6] *Mt 7.22; Rm 13.13; 2Co 12.21; Gl 5.19; Ef 4.19; 1Pe 4.3; 2Pe 2.2,7,18; Jd 4.

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