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A Pessoa e Obra do Espírito Santo (148) - Hermisten Maia

A Pessoa e Obra do Espírito Santo (148)

Um estudo de caso: A Academia de Genebra: missão como vocação (Continuação)

Missão, louvor e martírio

Uma observação muito estimulante. O cantar salmos se constituiu em um ponto fundamental de identidade entre os Calvinistas na Europa e, posteriormente nos Estados Unidos.[1]  Os Salmos se tornaram em “verdadeiros hinos de batalha”;[2] um cântico de combate, mas, também de consolo diante das perseguições e iminente morte.[3]

Em Meaux 14 mártires morreram cantando o Salmo 79.[4] John Owen (1616-1683), no leito de morte, teve como últimas palavras, o Salmo 79.8.[5]

Place Maubert nas proximidades da Sorbone em Paris, traz em suas silentes memórias os cânticos de muitos huguenotes ali torturados e martirizados.[6]

          Leith (1919-2002) comenta que,

O cântico dos salmos contribuiu para moldar o caráter e a piedade reformada e sua influência dificilmente poderia ser superestimada. Os salmos eram as orações do povo na liturgia de Calvino. Por meio deles, os adoradores respondiam à Palavra de Deus e afirmavam sua confiança, gratidão e lealdade a Deus.[7]  

O cântico de salmos tornou-se essencial para a piedade calvinista. Os protestantes franceses, ao serem levados para a prisão ou para a fogueira, cantavam salmos com tanta veemência que foi proibido por lei cantar salmos e aqueles que persistiam tinham sua língua cortada. O salmo 68 era a Marselhesa huguenote.[8]

          De fato, na França, em diversas ocasiões os protestantes foram atacados enquanto prestavam culto a Deus, orando, lendo a Palavra e cantando salmos. Depois de narrar algumas dessas perseguições, Baird (1828-1887) constata: “A Liturgia do protestantismo francês foi banhada com o sangue de seus mártires”.[9]

Mártires franceses no Brasil

          Do mesmo modo, no Brasil, quando os calvinistas franceses Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon não negaram à sua fé diante de Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1571), foram presos.[10]

          Crespin (c. 1520-1572) registra: “Entretanto, os condenados consolavam-se e regozijavam-se em suas cadeias, orando e cantando, com extraordinário fervor, salmos e louvores a Deus”.[11]

          Na manhã de sexta-feira, 9 de fevereiro de 1558, quando Jean du-Bourdel, o autor da Confissão de Fé,[12] ia sendo conduzido ao rochedo para ser executado, acompanhado por Villegaignon e seu pajem, narra Crespin:

Ao passar junto da prisão em que estavam os seus companheiros, gritou-lhes em alta voz que tivessem coragem, pois iam ser logo libertados desta vida miserável. E, caminhando para a morte, entoava salmos e louvores a Deus, o que causava grande espanto a Villegaignon e ao carrasco.[13]

          Retornando ao ponto central desse capítulo, enfatizamos que o princípio que regia a Calvino e aos inúmeros missionários, concernia à responsabilidade evangélica: “…. é nosso dever proclamar a bondade de Deus a toda nação”.[14]

Maringá, 1 de abril de 2021.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Cf. Charles Garside, Jr., The Origins of Calvin’s Theology of Music: 1536-1543, Philadelphia: The American Philosophical Society, 1979, p. 5.

[2] W. Stanford Reid, The Battle Hymns of the Lord: Calvinist Psalmody of the Sixteenthy Century. In: C.S. Meyer, ed. Sixteenth Century Essays and Studies, St. Louis: Foundation for Reformation Research, 1971, v. 2, [p. 36-54], p. 46.  (Disponível: https://www.jstor.org/stable/3003691?seq=10#metadata_info_tab_contents). (Consulta feita em 31.03.2021). Ver: John Ker, Psalms in History and Biography, Edinburgh: Andrew Elliot, 1886, p. 95. https://archive.org/details/psalmsinhistoryb00kerj/).(Consulta feita em 01.04.2021).

[3] Veja-se: John Ker, Psalms in History and Biography, Edinburgh: Andrew Elliot, 1886, p. 121, 184, 188.  https://archive.org/details/psalmsinhistoryb00kerj/).(Consulta feita em 31.03.2021). Daniel-Rops (1901-1965), historiador católico, cujo estilo, por vezes, compensa as suas inclinações, ironiza o fato dos huguenotes cantarem salmos enquanto se preparavam para as batalhas e, do mesmo modo, as longas rezas. (Veja-se: Daniel-Rops, Igreja da Renascença e da Reforma – V. 2,  São Paulo: Quadrante, 1999, p. 178-179).

[4]John Ker, Psalms in History and Biography, Edinburgh: Andrew Elliot, 1886, p. 106.  https://archive.org/details/psalmsinhistoryb00kerj/page/106); W. Stanford Reid, The Battle Hymns of the Lord: Calvinist Psalmody of the Sixteenthy Century. In: C.S. Meyer, ed. Sixteenth Century Essays and Studies, St. Louis: Foundation for Reformation Research, 1971, v. 2, [p. 36-54], p. 46.  (Disponível: https://www.jstor.org/stable/3003691?seq=10#metadata_info_tab_contents); Carl Lindberg, As Reformas na Europa, São Leopoldo, RS.: Sinodal, 2001, p. 339. O pré-reformador João Huss (c. 1369-1415), pregador da Capela de Belém e professor e Reitor da Universidade de Praga,  foi queimado vivo.  Antes de morrer, recitou diversos salmos, principalmente o 51 e 53 (Cf. John Ker, Psalms in History and Biography, Edinburgh: Andrew Elliot, 1886, p. 54-55.  https://archive.org/details/psalmsinhistoryb00kerj/).(Consulta feita em 01.04.2021).

[5] John Ker, Psalms in History and Biography, Edinburgh: Andrew Elliot, 1886, p. 107-108.  Apresentando uma relação mais ampla, Ker  (1819–1886), como escocês, escreve: “Há uma semelhança notável na maneira de morrer dos mártires franceses e escoceses, decorrente das relações frequentes entre as Igrejas nos primeiros dias da Reforma e de sua devoção comum ao livro dos Salmos” (John Ker, Psalms in History and Biography, Edinburgh: Andrew Elliot, 1886, p. 85).  

[6] Vejam-se: John Ker, Psalms in History and Biography, Edinburgh: Andrew Elliot, 1886, p. https://fr.wikipedia.org/wiki/Place_Maubert#cite_note-9

[7] John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã, Santa Bárbara D’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 301. Ver alguns exemplos significativos em: Charles W. Baird, A Liturgia Reformada: Ensaio histórico, p. 67ss.

[8] John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã,p. 299. Do mesmo modo: Carl Lindberg, As Reformas na Europa,  São Leopoldo, RS.: Sinodal, 2001, p. 339. Ver: Emily R. Brink, The Genevan Psalter: In: Emily B. Brink; Bert Polman, eds. Psalter Hymnal Handbook, Grand Rapids, Michigan: CRC Publications, 1998, p. 34. Foi o próprio Calvino quem adaptou a melodia de um dos corais de Greiter ao Salmo 68. (Cf. Henriqueta R.F. Braga, Contribuição da Reforma ao Desenvolvimento Musical: In: Bill H. Ichter, org. A Música Sacra e Sua História,Rio de Janeiro: JUERP., 1976, p. 77). Matthäus Greiter (c.1495-1550), de grande talento mas, de ética ambígua, foi quem compôs a música, sendo publicado pela primeira vez no Saltério de Estrasburgo em 1539 e foi então incluido na primeira edição do Saltério de Genebra (1542). O Salmo 68 também tornou-se conhecido entre os huguenotes como “Cântico das batalhas”, sendo cantado por eles em muitos de seus conflitos “sangrentos e desesperados”. (Cf. John Ker, Psalms in History and Biography, Edinburgh: Andrew Elliot, 1886, p. 95). O hino de Lutero baseado no Salmo 46 foi chamado por H. Heine (1797-1856) de “Marselhesa da Reforma” (Cf. W.J.R.T., Hymnology: In: Rev. John McClintock; James Strong, eds. Cyclopedia of Biblical, Theological and Ecclesiastical Literature, [CD-ROM], (Rio, WI., Ages Software, 2000), v. 4, p. 130).

[9]Charles W. Baird, A Liturgia Reformada: Ensaio histórico, p. 65.

[10] O alfaiate André Lafon terminou por ser persuadido a retratar-se. Foi poupado. Permaneceu então preso na fortaleza “como alfaiate do almirante e de toda sua gente” (Jean Crespin, A Tragédia da Guanabara ou Historia dos Protomartyres do Christianismo no Brasil,Rio de Janeiro: Typo-Lith, Pimenta de Mello & C., 1917, p. 81).

[11]Jean Crespin, A Tragédia da Guanabara ou Historia dos Protomartyres do Christianismo no Brasil,p. 74. Ver também: Jean de Léry, Viagem à Terra do Brasil,3. ed., São Paulo: Livraria Martins Fontes, (1960), p. 245.

[12] Elaborada entre 04/01/1558 e 09/02/1558. Ver: Jean Crespin, A Tragédia da Guanabara ou Historia dos Protomartyres do Christianismo no Brasil, p. 63-64.

[13]Jean Crespin, A Tragédia da Guanabara ou Historia dos Protomartyres do Christianismo no Brasil, p. 77.

[14]John Calvin, Calvin’s Commentaries, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, 1996 (Reprinted), v. 7/1, (Is 12.5), p. 403. 

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