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Introdução ao Estudo dos Credos e Confissões (6) – A Doutrina da Trindade: Formulação doutrinária – Um panorama histórico (1) - Hermisten Maia

Introdução ao Estudo dos Credos e Confissões (6) – A Doutrina da Trindade: Formulação doutrinária – Um panorama histórico (1)

Este artigo é continuação do: Introdução ao Estudo dos Credos e Confissões (5) – A Doutrina da Trindade: Definição, compreensões e incompreensões

Acesse aqui esta série de estudos completa.

 

 


 

 

As exposições concernentes à Trindade estão relacionadas à compreensão equivocada da Pessoa de Cristo e do Espírito Santo. O desenvolvimento da compreensão Cristológica por parte da igreja foi determinante na evolução da teologia do Espírito Santo e esta contribui para aquela de forma retroalimentadora.[1] Portanto, trataremos conjuntamente destas questões.

No final do segundo século, Irineu (c. 130-200 AD) testemunha que a Igreja de Deus, espalhada por toda face da terra, declarava a sua fé trinitária – conforme recebera dos discípulos –, a saber: “a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo quanto nele existe; em um só Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito Santo que, pelos profetas, anunciou a economia de Deus”.[2] Ainda segundo ele, esta pregação era comum na Igreja: “Unanimemente as prega, ensina e entrega, como se possuísse uma só boca”.[3]

 

Orígenes (c. 184-254), a despeito de outros equívocos subordinacionitas, reconhece a divindade trinitária: “Por isso, tudo o que for uma propriedade do corpo, não pode ser afirmado nem sobre o Pai nem sobre o Filho; mas o que pertence à natureza da divindade é comum ao Pai e ao Filho”.[4]

 

Credos

O Credo Apostólico, ao ser analisado estatística e teologicamente, evidencia de modo contundente que as declarações a respeito da Pessoa e Obra de Cristo são mais expressivas e mais completamente elaboradas do que as referentes ao Pai e ao Espírito. O Credo – ainda que as suas três divisões sejam dedicadas a cada uma das Pessoas da Trindade –, demonstra de forma eloquente ser a Pessoa de Cristo o seu tema. Isto se torna ainda mais evidente, quando apresentamos o Credo Apostólico de forma sinótica:

 

“Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do Céu e da Terra

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Deus Pai Todo-Poderoso,

 

 

 

”Creio em Jesus Cristo seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido….

 

“nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; no terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao Céu, e está sentado à mão direita de

 

“de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.

 

 

 

 

 

 

“Por obra do Espírito Santo,

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Creio no Espírito Santo….”

 

De semelhante modo, o Credo Niceno (325) procede: após falar do Pai e mais exaustivamente do Filho, diz: “(cremos) no Espírito Santo”.[5]

O quase silêncio

Este quase silêncio quanto à doutrina do Espírito Santo,[6] pode ser explicado pelo fato de que nos primórdios da história da igreja cristã, poucos movimentos levantaram questões consideradas sérias a respeito da sua Pessoa[7] e, menos ainda, a respeito do Pai. Para ser mais preciso, podemos mencionar Orígenes (c. 184-254), que inspirando-se em Tertuliano (c. 155-220) foi mais longe do que ele, dizendo que o Filho era subordinado ao Pai[8] e o Espírito subordinado ao Filho.[9] Por volta do ano 360, encontramos Atanásio (c. 296-373), bispo de Alexandria (328-373) combatendo um grupo de cristãos egípcios, que ele chamou de “tropicianos” (derivado de Tro/poj = “figura”, “forma”), pelo modo figurado de interpretar as Escrituras. Este grupo que, ao que parece, teve uma influência apenas local, com uma hermenêutica tendenciosa de Am 4.13; Zc 1.9 (LXX) e 1Tm 5.21, cria ser o Espírito meramente um anjo hierarquicamente superior aos outros.[10]

 

Ainda no 4º século, apareceu o macedonismo,[11] uma das facções do arianismo, ensinando que o Espírito Santo era uma criação do Filho, que se destinava a atuar em nós e no mundo, sendo, desta forma, subordinado ao Filho.[12] Esta heresia foi condenada pelo Concílio de Constantinopla em 381, que estabeleceu definitivamente a identidade do Espírito. Este Concílio tomou o Credo Niceno e o ampliou; na cláusula sobre o Espírito, afirmou:

Cláusula “Filioque”

“(cremos) no ESPÍRITO SANTO, o Senhor e Vivificador, o que procede do Pai (e do Filho),[13] e que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, o que falou através dos profetas….”.

 

O Espírito é Deus

Entre o Concílio de Nicéia (325) e o de Constantinopla (381), a declaração explícita de que o Espírito é Deus foi apenas sugerida, porém não declarada. Em 372, Basílio Magno (c. 330-379) defensor ardoroso da divindade do Filho, também sustentou a divindade do Espírito, porém não foi tão incisivo ao ponto de identificá-Lo como Deus;[14] mesmo, posteriormente (373), quando ampliou o seu pensamento, declarou que o Espírito deve ser honrado juntamente com o Pai e com o Filho.[15] Gregório de Nissa (c. 335-c.394), outro dos “pais capadócios”, seguiu os passos de seu irmão Basílio, sem contudo, apresentar maior contribuição, enfatizando apenas a unicidade das três pessoas.[16]

 

O terceiro destes pais,[17] Gregório de Nazianzo (329-390),[18] amigo de ambos, foi, segundo expressão de Daniélou, “o pensador trinitário por excelência”. De fato, com ele a divindade do Espírito é declarada com todas as letras:

 

Sem confusão, existem Três Pessoas na Única natureza e dignidade da Divindade.

Por conseguinte o Filho não é o Pai (é um só o Pai), mas é exatamente aquilo que o Pai é. Nem o Espírito é o Filho, por vir de Deus (um só é o Unigênito), é, porém, exatamente aquilo que o Filho é. Estes três são um pela Divindade, e, na unidade, são três por suas propriedades.

Desse modo não são o Um de Sabélio nem os três da péssima divisão de hoje (modalismo).

– Que, então? O Espírito é Deus?

– Perfeitamente, sem dúvida alguma.

– E é consubstancial?

– Sim, já que é Deus.[19]

 

Agostinho (354-430), em 393, escreveu:

 

Numerosos são os livros que homens sábios e espirituais escreveram sobre o Pai e o Filho. (…) O Espírito Santo, entretanto, não tem sido estudado com tanta abundância e cuidado pelos doutos e grandes comentaristas das divinas Escrituras, de tal sorte que resultará igualmente fácil compreender seu caráter próprio: que faz com que não possamos chamar-lhe nem Filho nem Pai, senão unicamente Espírito Santo.[20]

 

Modernamente a heresia Ariana foi retomada pela seita anticristã das Testemunhas de Jeová, que afirma ser o Espírito apenas uma força impessoal e ativa sem ser dotado de inteligência.[21]

 

As Testemunhas de Jeová reconhecem em Ário um precursor de Charles Taze Russel (1852-1916), o iniciador de sua seita.

 

Ao estudarmos este assunto, não devemos nos esquecer que as Escrituras falam mais “do” Filho do que “do” Espírito.[22] A natureza do Espírito – e não poderia ser diferente –, é menos explicitada, tratando mais especificamente do Seu Ministério, que consiste, após a ascensão de Cristo, em dar testemunho Dele.[23] A Obra do Filho reclama as operações do Espírito; e estas, amparam-se naquela. A nossa teologia portanto, nada mais é do que uma reflexão interpretativa da Palavra, não o seu “complemento”;[24] ela é o estudo da Revelação Pessoal de Deus conforme registrada nas Escrituras Sagradas.

No próximo post sobre o tema, continuo o assunto nesse modelo esquemático.

 

Maringá, 21 de novembro de 2018.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

 


 

[1]A duas declarações seguintes refletem o que estamos dizendo: “É verdade que as controvérsias cristológicas que remontam ao ano 360 não são no fundo mais do que uma consequência lógica das discussões sobre a fé trinitária” (B. Studer, Trindade: In: Ângelo Di Berardino, org. Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs, Petrópolis, RJ.; São Paulo: Vozes; Paulinas, 2002, p. 1389). “É possível argumentar que a doutrina da Trindade encontra-se intimamente associada ao desenvolvimento da doutrina sobre a divindade de Cristo. Quanto mais a igreja insistia no fato de Cristo ser Deus, mas era pressionada a esclarecer a forma como Cristo se relacionava com Deus” (Alister E. McGrath, Teologia Sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, São Paulo: Shedd Publicações, 2005, p. 378).

[2] Irineu, Irineu de Lião, São Paulo: Paulus, 1985, I.10.1. p. 61-62.

[3] Irineu, Irineu de Lião, I.10.2. p. 62. Sobre o trabalho trinitário, Veja-se: Ibidem., IV.20.1,3; V.6.1.

[4] Origin, Origen de Principiis, I.1.8. In: Alexander Robertson; James Donaldson, eds. The Ante-Nicene Fathers, 2. ed. Massachussets: Hendrickson, Publishers, 1995, v. 4, p. 245.

[5] Curiosamente, o Credo formulado por Cirilo de Jerusalém (c. 315-386) por volta de 350, para ser recitado pelos Catecúmenos, era um pouco mais completo neste ponto, dizendo: “Pisteu/omen (…) ei)j e(\n a(/gion pneu=ma, to\n para/klhton, to\ lalh=san e)n toi=j profh/taij.” “(Cremos) em um Espírito Santo o Consolador, que falou através dos profetas” (Veja-se: o texto grego do Credo de Cirilo e o de Nicéia In: Philip Schaff; Henry Wace, eds. Nicene and Post-Nicene Fathers of Christian Church, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, (reprinted). (Second Series), 1978, v. 7, p. xlvii). Do mesmo modo, Veja-se: Philip Schaff, The Creeds of Christendom, 6. ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, (Revised and Enlarged), 1977, v. 2, p. 32 e 57.

[6] Notemos que o “silêncio” era quanto à uma doutrina do Espírito mais elaborada, não à sua realidade, presença e direção. (Veja-se: por exemplo, Clemente de Roma, Epístola aos Coríntios, XXII.1; Didaquê, VII.1; Inácio de Antioquia, Carta aos Magnésios, IX.2; XIII.1-2; XV; Carta aos Filadélfios, Introdução, VII.1-2; Carta aos Efésios, IX.1; XVIII.2; Irineu, Contra as Heresias, III.11.9; 12.1-2; 17.1-4; 19.2). Robert W. Jenson, diz que Irineu (c. 120-202) foi “uma figura-chave no período em que a pneumatologia patrística se cristalizou” (Robert W. Jenson, O Espírito Santo: In: Carl E. Braaten; Robert W. Jenson, eds. Dogmática Cristã, São Leopoldo, RS.: Sinodal, 1995, v. 2, p. 134).

[7]Kelly diz que mesmo o Credo Niceno declarando “simplesmente” a sua crença no Espírito Santo, “transcorreriam muitos anos antes que houvesse alguma controvérsia pública acerca de Sua posição na Divindade” (J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: origem e desenvolvimento, São Paulo: Vida Nova, 1993, p. 190). Adiante acrescenta: “Embora o problema do Espírito não tenha sido levantado em Nicéia, percebe-se a partir daí um aumento de interesse pelo assunto” (Ibidem., p. 192). Boettner comenta: “Tão absorvido esteve o Concílio com a formulação da doutrina da Pessoa de Cristo, que omitiu fazer uma declaração formal a respeito do Espírito Santo” (Loraine Boettner, Studies in Theology, 9. ed. Philadelphia: The Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1970, p. 127-128).

[8] Veja-se: Carlos Ignacio Gonzalez, El Desarrollo Dogmatico en los Concilios Cristologicos, Santafé de Bogotá: CELAM., 1991, p. 47ss.

[9] Veja-se: J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: origem e desenvolvimento, p. 198.

[10] Cf. J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: origem e desenvolvimento, p. 193-194. Escrevendo ao seu amigo Serapião, bispo de Tmuis, no delta do Nilo, Atanásio comenta a respeito destes hereges: “… fomentam pensamentos hostis contra O Espírito Santo, pretendendo-o não apenas criatura mas até um dos espíritos servis, distinto dos anjos tão-somente por grau” (Atanásio, 1. Carta a Serapião, In: C. Folch Gomes, Antologia dos Santos Padres, 2. ed. rev. e aum. São Paulo: Paulinas, 1980, p. 209).

[11] Nome derivado de Macedônio, bispo de Constantinopla (c. 341-360). Este grupo era também denominado de Pneumatoma/xh (“lutadores contra o Espírito”). (Pneu=ma & ma/xomai). (ma/xomai e ma/xh *Jo 6.52; At 7.26; 2Co 7.5; 2Tm 2.23,24; Tg 4.1,2).

[12] Esta concepção se harmonizava com a de Orígenes (c. 185-254) (Cf. L. Berkhof, História das Doutrinas Cristãs, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas 1992, p. 83; J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: origem e desenvolvimento, p, 198). A perspectiva subordinacionista a respeito do Espírito parece ser comum na época, ainda que rejeitada pela Igreja. “Os erros subordinacionistas sobre o Espírito Santo dominavam o campo da história, com mais violência e mais demoradamente, do que os mesmos erros sobre o Logos” (O. Semmelroth, Espírito Santo: In: H. Fries, dir. Dicionário de Teologia, 2. ed. São Paulo: Loyola, 1983, v. 2, p. 99).

[13]A expressão “e do Filho” em latim “Filioque”, foi acrescentada no III Concílio local de Toledo (589) e, ao que parece, posteriormente no Quarto Sínodo de Braga (675) e em Hatfield (680).(Cf. O. Semmelroth, Espírito Santo: In: In: H. Fries, dir. Dicionário de Teologia, 2. ed. São Paulo: Loyola, 1983, v. 2, p. 100; J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, Salamanca: Secretariado Trinitario, 1980, p. 426, 429-430). Todavia, esta cláusula já havia sido usada no Primeiro (400) e Segundo (477) Concílio de Toledo. (Veja-se: H. Bettenson, Documentos da Igreja Cristã, p. 56; P. Schaff, Philip Schaff, The Creeds of Christendom, 6. ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, (Revised and Enlarged), 1977, v. 1, p. 26; Earle E. Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos, São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 109; G.W. Bromiley, Filioque: In: E.F. Harrison, ed. Diccionario de Teologia, Grand Rapids, Michigan: T.E.L.L., 1985, p. 242; L. Boff, A Trindade e a Sociedade, 3. ed. Petrópolis, RJ.: Vozes, 1987, p. 93; J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 427). Este acréscimo – que reflete especialmente o pensamento de Agostinho (354-430), que enfatizou com propriedade a unidade da Trindade (A Trindade, São Paulo: Paulus, 1994, II.5.7; IV.20.29.; XV.17-20; 26-27), ainda que não exclusivamente (Veja-se: J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 425) –, marca de forma definitiva a teologia anti-Ariana sustentada pela Igreja Ocidental, enfatizando a unidade essencial do Pai e do Filho bem como a procedência do Espírito como sendo de ambos. Este acréscimo que se tornou amplamente aceito na Igreja Ocidental (em 1014, o papa Benedito VIII determinou que o Credo Niceno-Constantinopolitano, com a expressão “filioque” deveria ser proferido durante a missa. (Cf. Robert W. Jenson, O Espírito Santo: In: Carl E. Braaten; Robert W. Jenson, eds. Dogmática Cristã, v. 2, p. 159)) e ratificado em 1017, foi o principal motivo doutrinário para a primeira grande divisão da Cristandade, criando a Igreja do Oriente e a do Ocidente em 1054 (As Igrejas do Oriente, diziam: “Do Pai através do Filho”). No entanto, somente no Segundo Concílio de Lyon (1274), é que esta cláusula foi considerada oficialmente como doutrina da Igreja Ocidental (Cf. H. Brandt, O Risco do Espírito: Um Estudo Pneumatológico, p. 16). Este assunto seria ampla e vagarosamente discutido no Concílio de Ferrara-Florença-Roma (1438-1445) entre os representantes da Igreja Oriental e Ocidental, quando então, os Orientais aceitariam como razoável o acréscimo latino, contudo não ficando imposto à sua Igreja a aceitação do mesmo. Nesta reunião foi formulada uma declaração “conciliatória”, datada de 06/7/1439. (Veja-se: o texto In: L. Boff, A Trindade e a Sociedade, p. 95-96). (Veja-se: Umberto Proch, A União no Segundo Concílio de Lião e no Concílio de Ferrara-Florença-Roma: In: Giuseppe Alberigo, org. História dos Concílios Ecumênicos, São Paulo: Paulus, 1995, p. 300ss, 305; L. Boff, A Trindade e a Sociedade, p. 95-96). (Veja-se: uma boa discussão a respeito do uso da expressão, In: J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 424ss.; Reinhold Seeberg, Manual de Historia de las Doctrinas, El Paso, Texas: Casa Bautista de Publicaciones, 1963, v. 2, p. 45; Sinclair B. Ferguson, O Espírito Santo, São Paulo: Editora Os Puritanos, 2000, p. 95-103). No entanto, não devemos nos esquecer que a Confissão Ortodoxa de Fé da Igreja Católica e Apostólica do Oriente (1643), reafirma a procedência do Espírito como sendo apenas do Pai. (Veja-se: o texto In: P. Schaff, Philip Schaff, The Creeds of Christendom, 6. ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, (Revised and Enlarged), 1977, v. 2, p. 282).

[14]Basil, Letters, 113 e 114 In: Philip Schaff; Henry Wace, eds. Nicene and Post-Nicene Fathers of Christian Church, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, (reprinted). (Second Series), 1978, v. 8, p. 189-190; Veja-se: Gregório de Nazianzo, Epístola, 58.

[15]Basil, Letters, 125.3; 159.2. In: Philip Schaff; Henry Wace, eds. Nicene and Post-Nicene Fathers of Christian Church, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, (reprinted). (Second Series), 1978, v. 8, p. 195-196; 212.

[16] Oração Catequética, 3s. Gregório de Nissa, no entanto, foi de grande relevância na questão da procedência do Espírito (Veja-se: Contra Eunômio, 1.42; Contra Macedônio, 2.10,12,24), ainda que tenha deixado aberta uma fresta para a compreensão equivocada de que o Espírito procede do Pai por meio do Filho…

[17] Latourette diz, não sem razão, que os “pais capadócios”, “mostraram como interpretar de tal maneira o Símbolo Niceno que ganhou o apoio da grande maioria dos bispos orientais, inclusive o apoio de muitos dos que haviam sido classificados como arianos. Eles representavam o que poderia chamar-se de origenismo de direita, aquela corrente de pensamento que havia sido reforçada por Orígenes e que sustentava que o Logos sempre foi igual ao Pai” (K.S. Latourette, Historia del Cristianismo, 4. ed. Buenos Aires: Casa Bautista de Publicaciones, 1978, v. 1, p. 210). No entanto, deve ser dito, que a posição de Orígenes é difícil de precisar pois, em alguns textos ela parece sustentar a unidade essencial entre o Pai e o Filho, em outros, apresenta uma inclinação subordinacionista; no entanto, esta última aparece com mais clareza em seus escritos. (Veja-se: Carlos Ignacio Gonzalez, El Desarrollo Dogmatico en los Concilios Cristologicos, p. 47ss.).

[18] Devido à sua eloquência e profundidade teológica, deram-lhe o título de “o teólogo” (homologado em Calcedônia, 451) e, de “o Demóstenes cristão”. (Cf. W.C. Weinrich, Gregório de Nazianzo: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, São Paulo: Vida Nova, 1990, v. 2, p. 226, C. Folch Gomes, The Ecclesiastical History,The Ecclesiastical History, p. 245 e Gregório Nazianzeno: In: R.N. Champlin; J.M. Bentes, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, São Paulo: Candeia, 1991, v. 2, p. 979. O livro de Tillich diz que o designativo de “o teólogo”, foi dado a Gregório de Nissa. (P. Tillich, História do Pensamento Cristão, São Paulo: ASTE, 1988, p. 81. A impressão que tenho, é que este lapso foi um erro de revisão…). Gregório de Nazianzo presidiu durante um período o Sínodo de Constantinopla 381; quando se despediu, pronunciou o famoso “Discurso de adeus”. (Veja-se: Lorenzo Perrone, De Nicéia (325) a Calcedônia (451): In: Giuseppe Alberigo, org. História dos Concílios Ecumênicos, São Paulo: Paulus, 1995, p. 65-66).

[19] São Gregório de Nazianzo, Discursos Teológicos, Petrópolis, RJ.: Vozes, 1984, XXXI.9-10. p. 98. Gregório entende que a doutrina do Espírito deveria mesmo ser formulada por último, obedecendo a uma espécie de revelação progressiva: “A antiga Aliança pregou abertamente o Pai, mais obscuramente o Filho. A Nova manifestou o Filho, deixou entrever a divindade do Espírito. Agora o Espírito mora conosco, e de modo mais evidente se manifesta a nós. Porque não era prudente, antes de ser reconhecida a divindade do Pai, proclamar abertamente a do Filho. Nem, antes de admitida a do Filho, falar dO Espírito Santo, para que, se assim se pode dizer, não se impusesse um jugo pesado demais. Para não acontecer, como a opressos em excesso de comida ou a olhos enfermos diante dos raios do sol, fossem postos em perigo acima de suas forças. Por estes acréscimos paulatinos ou, como diz Davi, ascensões (Sl 84.7), também de glória em glória mais esplêndidos avanços e progressos, brilha a luz da Trindade” (Ibidem., XXXI.26).

[20] Agostinho, On Faith and the Creed: In: Philip Schaff, Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church, 2. ed. (First Series), Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1995, v. 3, p. 328 e 329.

[21]Cf. Let Your Name Be Sanctified, Brooklyn, NY.: Watchtower Bible and Tract Society of New York, Inc., 1961,  p. 269. (Consulta feita em 21.11.2018). Hoekema também ressalta que a concepção tida do Espírito como algo inferior, é evidenciada na tradução que as Testemunhas de Jeová fazem das Escrituras, colocando o “Espírito” sempre com a inicial minúscula (Veja-se: A. Hoekema, Testigos de Jehova, Grand Rapids, Michigan Subcomision Literatura Cristiana de la Iglesia Cristiana Reformada, 1978, p. 21-23). Veja-se também, J.K. Van Baalen, O Caos das Seitas, 3. ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1977, p. 193.

[22] Ainda que a intenção seja apreciável, acredito que a analogia feita por McGrath é infeliz. Diz este brilhante autor: “O Espírito Santo tem sido, por muito tempo, como a Cinderela da Trindade. As outras duas irmãs podem ter ido ao baile da teologia; o Espírito Santo, toda vez, é deixado para trás” (Alister E. McGrath, Teologia Sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, São Paulo: Shedd Publicações, 2005, p. 361).

[23] Compreensão semelhante encontrei em Millard J. Erickson, Christian Theology, 13. ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1996, p. 847.  

[24] “A teologia é o conhecimento de Deus derivado da revelação bíblica. (…) Cada vez mais tenho chegado à conclusão de que o ensino de teologia jamais deve estar separado da Bíblia.” (D.M. Lloyd-Jones, Uma Escola Protestante Evangélica: In: Discernindo os Tempos, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1994, p. 389). (“Discurso proferido na inauguração do Seminário Teológico de Londres, em 6 de outubro de 1977”).

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