A Pessoa e Obra do Espírito Santo (77)
E) Puríssima
“O mandamento do SENHOR é puro (rB) (bar) (limpo, lúcido, claro)” (Sl 19.8).
A despeito da dificuldade em se estabelecer com precisão a origem desta palavra,[1] sabemos que ela indica o fato de que a Palavra de Deus é pura, seleta, não misturada, afiada e, por isso mesmo, tem o seu brilho próprio.
“Puríssima (daom. @rc) (me`od tsaraph) (intensamente provada) é a tua Palavra” (Sl 119.140). Como temos visto, a Palavra de Deus foi registrada por homens que, mesmo separados por Deus para esta tarefa, não deixaram de ser pecadores como nós o somos. Todavia, a Bíblia não traz em seus ensinamentos, preceitos pecaminosos. Ela é puríssima porque o seu registro foi preservado pelo Espírito Santo, bem como foi conservado puro até os nossos dias (2Tm 3.16-17; 2Pe 1.20-21).[2] Por isso, para nós, somente a Palavra de Deus é a fonte conservada pura, inerrante e infalível de todo o pensar e proceder cristão.[3] Ela é pura, não sofreu influência dos desvios históricos no campo ético, filosófico, comportamental. A Bíblia, e somente ela, é a Palavra pura de Deus para todos os homens.
Não há segundas intenções, misturas, enganos. A Lei do Senhor estabelece com clareza o que Deus requer de nós, alertando-nos inclusive quanto aos riscos de nossa desobediência. Paulo, por exemplo, no NT., escreveria com amplo conhecimento de causa: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”(2Tm 3.12).
Embasado nessas e em outras excelências da Palavra de Deus é que o salmista declara: “Admiráveis são os teus testemunhos, por isso a minha alma os observa” (Sl 119.129).Este reconhecimento manifesta-se no seu respeito para com a Palavra:“Meditarei nos teus preceitos, e às tuas veredas, terei respeito” (Sl 119.15). O salmista também encontra na retidão dos juízos de Deus motivo para ação de graças: “Levanto-me à meia-noite para te dar graças, por causa dos teus retos juízos” (Sl 119.62).
Muitas vezes nos acostumamos tanto com o fato de que possuímos a Bíblia, a Palavra de Deus, que não lhe tributamos o valor devido. Deus age por meio de sua Palavra. Ela é a verbalização da excelência de Deus. Consideremos este ponto e louvemos a Deus por sua Palavra que Ele tem preservado, e peçamos que Ele mesmo, o Autor da Palavra nos dê o discernimento necessário para compreendê-la e praticá-la conforme a vontade dele.
F) Límpida
“O temor do SENHOR é límpido (rAhj’) (tahor) (puro, claro)….” (Sl 19.9).
A Palavra de Deus refletindo o seu caráter santo, é límpida e pura (Hc 1.13). O salmista escreve: “As palavras do SENHOR são palavras puras (rAhj’) (tahor) (límpida), prata refinada em cadinho de barro, depurada sete vezes” (Sl 12.6).
A Palavra de Deus é absolutamente clara no que Deus requer de nós e nos objetivos que ele tem em vista. Ela é direta em suas orientações. Não há obscuridade no mandamento de Deus nem impedimentos à nossa compreensão.
Davi arrependido de seus pecados, suplica a Deus: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro (rAhj’) (tahor) e renova dentro de mim um espírito inabalável” (Sl 51.10). Isto Deus o faz por meio de sua Palavra.
Maringá, 12 de dezembro de 2020.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1] Vejam-se: Richard E. Averbeck, brr: In: Willem A. VanGemeren, org., Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 1, p. 748-749; E.S. Kalland, barah: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento,São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 224-225 e, principalmente: Vinzenz Hamp, barah: In: G. Johannes Botterweck; Helmer Ringgren; Heinz-Josef Fabry, eds., Theological Dictionary of the Old Testament, Grand Rapids, MI.: Eerdmans, 1977 (Revised edition), v. 2, p. 308-312.
[2]“16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16-17). “20…. nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; 21 porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1.20-21).
[3]“A Bíblia é a Palavra de Deus através das palavras dos homens, falada por meio da boca humana e escrita por meio de mãos humanas” (John Stott, Eu Creio na Pregação, São Paulo: Editora Vida, 2003, p. 103).