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A Pessoa e Obra do Espírito Santo (62) - Hermisten Maia

A Pessoa e Obra do Espírito Santo (62)

    I. Realiza maravilhosas proezas

Os anjos com sensibilidade se reúnem para adorar a Deus considerando as suas maravilhas estampadas na Criação:“Celebram os céus as tuas maravilhas (al,P,) (pele) (grandioso,[1] prodígios[2]), ó SENHOR, e, na assembleia dos santos, a tua fidelidade (hn”Wma/) (emunah)(Sl 89.5).[3]

    O salmista, por sua vez, considerando a fidelidade de Deus e a promessa Messiânica, canta de forma alegre. Do mesmo modo, o povo de Deus, deve também fazê-lo, inclusive considerando o cuidado de Deus para com a sua Igreja conforme o seu pacto de misericórdia que preserva o seu povo ao longo da história:

Cantarei para sempre as tuas misericórdias, ó SENHOR; os meus lábios proclamarão a todas as gerações a tua fidelidade. 2Pois disse eu: a benignidade está fundada para sempre; a tua fidelidade, tu a confirmarás nos céus, dizendo:  3 Fiz aliança com o meu escolhido e jurei a Davi, meu servo:  4 Para sempre estabelecerei a tua posteridade e firmarei o teu trono de geração em geração. (Sl 89.1-4).

    O nosso Pastor é o único Deus. O único que realiza feitos grandiosos, louva o salmista: “Ao único que opera grandes (lAdG”) (gadol) maravilhas (al’P’) (pala), porque a sua misericórdia dura para sempre” (Sl 136.4).

    A rotina, que em geral é útil em nossos afazeres cotidianos, nos permitindo planejar com maior naturalidade, sem dispêndio de maiores energias, pode também involuntariamente ocultar aos nossos olhos grandes feitos com os quais nos acostumamos, terminando por banalizá-los.

    Nos acostumamos com as estações do ano, as chuvas periódicas, o outono, o frio do inverno, as flores da primavera, o nascimento de um bebê, o alimento diário, uma noite de sono, o céu estrelado, etc.

    O salmista também desfrutava de experiências semelhantes. Mas, quando contempla o poder de Deus manifesto de várias formas na criação e em sua vida, com amplo conhecimento de causa, exclama em louvor:  “Graças te dou, visto que por modo assombrosamente (arey”) (yare’) maravilhoso (hl’P’) (palah) me formaste; as suas obras são admiráveis (al’P’) (pala) (maravilhosas, extraordinárias), e a minha alma o sabe muito bem”(Sl 139.14).

    As manifestações do cuidado de Deus sobre nós são em grande parte imperceptíveis. Creio que conforme formos amadurecendo espiritualmente, vamos adquirindo uma dimensão maior de suas obras em nossa vida. Ciente disso, escreve piedosamente o salmista: “São muitas, SENHOR, Deus meu, as maravilhas (al’P’) (pala) que tens operado e também os teus desígnios para conosco; ninguém há que se possa igualar contigo. Eu quisera anunciá-los e deles falar, mas são mais do que se pode contar” (Sl 40.5).

    Na constatação de que os feitos maravilhosos de Deus são memoráveis, o salmista conclui: Benigno (!WNx;) (channun) e misericordioso (~Wxr;) (rachum) é o SENHOR” (Sl 111.4).

    Esse conceito reaparece no salmo de ação de graças quando o salmista rende graças ao único Deus que opera grandes maravilhas amparadas em sua misericórdia: “Ao único que opera grandes (lAdG”) (gadol) maravilhas (al’P’) (pala), porque a sua misericórdia dura para sempre” (Sl 136.4).

Feitos memoráveis

Geralmente o que cultivamos em nossa memória tende a modelar os nossos atos e orientar os nossos atos e ensino.

O salmista meditando sobre Deus e as suas obras, diz que as mesmas são memoráveis. Portanto, elas devem ser preservadas em nossa memória em gratidão.

Devemos ter uma grata memória para com os feitos de Deus. Para isso, é necessário que cultivemos um coração agradecido pelo que Deus tem operado. As suas obras por serem maravilhosas, são memoráveis. Escreve o salmista: “Ele fez memoráveis (rk,z) (zeker) as suas maravilhas (al’P’) (pala); benigno e misericordioso é o SENHOR” (Sl 111.4).

Os feitos de Deus devem ser proclamados e ensinados. Essa é uma forma de conservá-los de forma agradecida na memória e conduzir outros à mesma percepção e consequente gratidão e louvor.

O esquecimento dos atos de Deus

O esquecimento dos atos de Deus contribui para o nosso afastamento dele e de sua Palavra. Esse é o diagnóstico que faz o salmista ao considerar a rebeldia de Israel: “Nossos pais, no Egito, não atentaram (lk;f)(sakal) às tuas maravilhas (al’P’) (pala); não se lembraram (rk;z”) (zakar) da multidão das tuas misericórdias (ds,x,) (hesed) e foram rebeldes junto ao mar, o mar Vermelho” (Sl 106.7).

    O povo se manteve indiferente a Deus. Não considerou a Palavra de Deus, seus atos e a aliança feita.

    Creio que essa experiência não é estranha a muitos de nós. Em alguns momentos, sob o impacto de um grande livramento, a concretização de um desejo intensamente acalentado, o restabelecimento de uma enfermidade, a conquista de um emprego depois de meses sem sucesso…. Quem sabe, louvamos a Deus com sinceridade e integridade. Assumimos compromissos santos diante de Deus, e confessamos as nossas falhas… Mas, em seguida, passados os primeiros momentos de júbilo, gradativamente podemos incorrer no esquecimento de Deus, dos seus atos e de nossas promessas. Foi o que aconteceu com o povo de Israel:

11 As águas cobriram os seus opressores; nem um deles escapou.  12 Então, creram nas suas palavras e lhe cantaram louvor.  13 Cedo, porém, se esqueceram (xk;v’) (shakach)  das suas obras e não lhe aguardaram os desígnios (…)   21 Esqueceram-se (xk;v’) (shakach)  de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera coisas portentosas (lAdG”) (gadol). (Sl 106.11-13, 21).

As maravilhas de Deus envolvem a sua Palavra. Por isso, devemos considerá-la com sinceridade e louvor.

 A história nas Escrituras é uma demonstração prática dos princípios estabelecidos por Deus. A Lei de Deus é contada por meio da história do povo. A obediência traz a bem-aventurança da comunhão com Deus. A desobediência, as consequências da quebra da aliança feita por Deus com o seu povo.

A Lei de Deus não é apenas uma proposição revelada e teológica, antes, é também contada na história.

De certa forma, a história de nossa vida não deixa de ser uma demonstração prática dos efeitos de nossa obediência e desobediência a Deus, sempre, é claro, envolvida pela misericórdia de Deus que nos capacita a obedecer, nos perdoa em nosso arrependimento e nos restaura à sua comunhão.

    Maringá, 26 de novembro de 2020.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Sl 31.21.

[2] Sl 72.18; 78.12.

[3]Vejam-se também: Sl 26.7; 86.10; 88.10,12; 105.2,15,16; 106.22; 107.15,21, 31, 42-43.

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