A Pessoa e Obra do Espírito Santo (6)
4. As perfeições do Espírito Santo: uma abordagem bíblica
Nas páginas do Novo Testamento encontramos uma gama maior de referências ao Espírito Santo, as quais revelam mais detalhadamente a Sua Pessoa e Obra, ao mesmo tempo em que lançam luz sobre diversos textos do Antigo Testamento.
Creio ser oportuno recordar a declaração de Cirilo de Jerusalém (c. 315-386), com a qual iniciamos o nosso curso:
A graça do Espírito é verdadeiramente necessária para tratar do Espírito Santo; não a fim de que possamos falar dele como corresponde – porque isso é impossível – senão para que possamos atravessar este tema sem perigo, dizendo o que está contido nas divinas Escrituras.[1]
Analisaremos agora, toda a Escritura, tendo como perspectiva, a Pessoa do Espírito Santo.
4.1. Unicidade
Há um só Espírito Santo de Deus no qual todos os crentes em Cristo foram batizados (Ef 4.3-4/1Co 12.11,13).
4.2. Personalidade
O Espírito é um ser pessoal, sendo distinto do Pai e do Filho. A Bíblia o apresenta como sendo dotado de três elementos essenciais à personalidade. Isto indica que Ele não é apenas uma força impessoal e ativa de Deus. O Espírito é o próprio Deus ativo que se agencia deliberadamente por meio de si mesmo.“Uma personalidade inclui inteligência, vontade e individualidade. Uma pessoa age por intenção. Nenhuma força abstrata pode tencionar fazer qualquer coisa. Boas ou más intenções são limitadas aos poderes de seres pessoais”, explica Sproul (1939-2017).[2]
Estudemos o que a Palavra nos diz a respeito da personalidade do Espírito:
4.2.1. Possui os elementos essenciais à personalidade[3]
1) Tem Inteligência (mente, intelecto): Is 40.13,14; Jo 14.26; 15.26; At 15.28; Rm 8.27; 1Co 2.10-12. Sobre este texto, diz C. Hodge: “A consciência de Deus é a consciência do Espírito”.[4]
2) Tem Vontade: Sl 106.32-33; Is 34.16;At 13.2; 16.7; 21.11; 1Co 12.11; 1Tm 4.1.[5]
3) Tem Sensibilidade: Mq 2.7 (Irritação); Rm 15.30 (Amor); Is 63.10; Ef 4.30 (Entristece-se).
Maringá, 29 de setembro de 2020.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1] Cirilo de Jerusalém, The Catechetical Lectures, XVI.1. In: P. Schaff; H. Wace, eds. Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church, (Second Series), Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1978, v. 7, p. 115
[2]R.C. Sproul, O Ministério do Espírito Santo,São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997, p. 17.
[3] Embora Charles Hodge (1797-1878) não julgue necessário nem prudente tratar separadamente dos atributos pessoais do Espírito, considerando que os textos que tratam de um, também referem-se aos outros (C. Hodge, Systematic Theology,Grand Rapids, MI.: Eerdmans, 1986 (Reprinted), v. 1, p. 523-524), no que tem uma boa dose de razão, procederemos diferentemente por questões didáticas.
[4] Charles Hodge, Teologia Sistemática,São Paulo: Editora Hagnos, 2001,p. 393.
[5] A comunicação do Espírito a respeito do futuro de Paulo bem como dos “últimos tempos”, denota a liberdade da sua vontade na revelação destes eventos.