Eu lhes tenho dado a tua Palavra (Jo 17.1-26) (97)
6.2. O fundamento e conteúdo da proclamação
O fundamento da boa nova transmitida pela Igreja encontra-se na Palavra de Deus. O conhecimento que Deus deseja que tenhamos dele está revelado nas Escrituras. Portanto, o fundamento da proclamação cristã, o “Evangelho”, é a Palavra de Deus.
O Deus transcendente se revela para que possamos conhecê-lo. A resposta a este conhecimento se manifesta em culto e proclamação. Por isso, toda a proclamação da Igreja tem como pressuposto fundamental o Deus que se revela de tal modo que possamos conhecê-lo verdadeiramente.
A Igreja no seu testemunho, recorre sempre à Palavra autoritativa de Deus, nunca a invenções humanas, crendices ou fábulas. A igreja se reúne não simplesmente para debater opiniões, antes, para ensinar a Palavra em sua singeleza, esforçando-se por conduzir seus ouvintes à fé (1Tm 1.3,4; 2Tm 4.4; Tt 1.10-16).[1] E essa fé é bem específica: Jesus Cristo, o Deus encarnado. (Ef 1.15).
Pedro atestando a fidedignidade de sua proclamação, diz:“Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas (mu=Joj) engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade” (2Pe 1.16)
Portanto, a nossa pregação fundamenta-se sempre em fatos reais conforme registrados na Palavra de Deus (Lc 2.9-11; 1Co 15.1-4,14,15; 1Pe 1.25).[2]
Com a ênfase exagerada e por isso equivocada em métodos e estratégias de plantação de igreja, tende-se a confundir o poder da Palavra com a eficácia de determinados métodos que supostamente funcionaram aqui ou acolá. Notemos que estas questões não são irrelevantes, contudo, é necessário que não transfiramos a fonte do poder do Evangelho para o nosso método ou estratégia. Tornemos ao Novo Testamento: Anos mais tarde, Paulo relataria como foi que chegou a Corinto e começou a pregar o Evangelho:
Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. (…) A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. (1Co 2.1,4-5).
Muitas vezes podemos ser levados a pensar que o incrédulo será levado a Cristo se falarmos de forma erudita ou, quem sabe, oferecendo-lhe algo semelhante ao que está acostumado no mundo; assim tentamos fazer da igreja um clube social, ou um programa de auditório, ou uma academia de intelectuais, nos esquecendo que a sabedoria do Evangelho atua em outro nível, e é operada pelo Espírito.
Maringá, 10 de julho de 2020.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
[1]“Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina, nem se ocupem com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que o serviço de Deus, na fé” (1Tm 1.3,4). “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” ( 2Tm 4.2-4). “Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores, especialmente os da circuncisão. 11 É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância. 12 Foi mesmo, dentre eles, um seu profeta, que disse: Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos. 13 Tal testemunho é exato. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sadios na fé 14 e não se ocupem com fábulas judaicas, nem com mandamentos de homens desviados da verdade. 15 Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas. 16 No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra” (Tt 1.10-16).
[2]“9 E um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam, e a glória do Senhor brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor. 10 O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova (eu)aggeli/zw) de grande alegria, que o será para todo o povo: 11 é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.9-11). “1 Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; 2 por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. 3 Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, 4 e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. (…) 14 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; 15 e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam” (1Co 15.1-4,14,15). “A palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada (eu)aggeli/zw)” (1Pe 1.25).