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Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (60) - Hermisten Maia

Eu lhes tenho dado a tua Palavra” (Jo 17.1-26) (60)

5.7. A Santificação e a responsabilidade do crente (Continuação)

A Palavra de Deus é o alimento fundamental que Deus nos oferece para que possamos crescer em nossa fé, permanecendo firmes contra todas as ciladas do maligno, bem como em todas as perseguições.

Jesus, explicando a Parábola do Semeador, faz uma aplicação: “A que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança”(Lc 8.15).

Aqui aprendemos que a Palavra de Deus produz frutos de forma perseverante. A vida cristã é produtiva espiritualmente e, também, é resistente em sua fé. A Palavra de Deus foi escrita para nos ensinar a respeito de Deus e, para que, assim, conhecendo-o, possamos perseverar em meio às tribulações: “Pois tudo quando outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência, e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”(Rm 15.4).

Se nós quisermos realmente perseverar firmes em nossa fé, precisamos fazer da Bíblia o nosso alimento cotidiano. Nela temos a palavra perseverante e consoladora de Deus, tendo, também, a resposta para todas as nossas necessidades.

A nossa perseverança está ligada à prática da Palavra de Deus. No Apocalipse, o Anjo diz àqueles que suportaram intensa perseguição: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus Cristo”(Ap 14.12). (Ver: Ap 13.10).

Como vimos, Deus nos deu todas as coisas para o nosso crescimento espiritual, sendo, por isso mesmo, nossa responsabilidade nos esforçar, usando os recursos de Deus, para fazer a Sua vontade e não tornar vã a sua graça a nós manifesta (1Co 15.10; 2Co 6.1). “Deus nos tem munido com mais de uma espécie de auxílio, desde que não sejamos indolentes em fazer uso do que nos é oferecido”, exorta-nos Calvino.[1]

Devemos, portanto, associar-nos à graça de Deus no aperfeiçoamento de nossa salvação. Conforme temos insistido, é nestes termos que Pedro escreve:

Visto como pelo Seu divino poder nos têm sido doadas todas as cousas que conduzem à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo, por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência (Spoudh/ = “esforço”, “entusiasmo”, “zelo”, “pressa”),[2] associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas cousas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. (2Pe 1.3-8).

Pedro, por considerar este ponto de extrema relevância, insiste em nossa responsabilidade de assim proceder, agindo com diligência: “Por isso, irmãos, procurai, com diligência(Spouda/zw = “ser zeloso”, “fazer todo o esforço possível”)[3]cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum” (2Pe 1.10). Portanto, podemos perceber que o segredo da vida cristã – a sua segurança -, não está na inatividade, mas, sim, em constante trabalho de desenvolvimento de nossa fé, sabendo que desta maneira jamais tropeçaremos de modo definitivo. Portanto, oração e trabalho obediente é o binômio abençoador e santificador do crente.


[1]J. Calvino, Efésios, São Paulo: Paracletos, 1998, (Ef 6.11), 188.

[2] Spoudh/ ocorre nos seguintes textos do NT: *Mc 6.25; Lc 1.39; Rm 12.8,11; 2Co 7.11,12; 8.7,8,16; Hb 6.11; 2Pe 1.5; Jd 3.

[3] Spouda/zw ocorre nos seguintes textos do NT: *Gl 2.10; Ef 4.3; 1Ts 2.17; 2Tm 2.15; 4.9, 21; Tt 3.12; Hb 4.11; 2Pe 1.10,15; 3.14.

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