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Rei e Pastor: O Senhor na visão e vivência dos salmistas (9) - Hermisten Maia

Rei e Pastor: O Senhor na visão e vivência dos salmistas (9)

A Palavra “Senhor”

            A palavra “Senhor” usada por Davi (Sl 23.1) e, que aparece em nossas traduções, geralmente é a tradução do tetragrama hebraico hwhy (YHWH), que é reconhecido como sendo o nome pessoal, real, essencial e pactual de Deus (hw”hoy>) (Yehovah), o qual não é atribuído a nenhum outro suposto deus ou seres angelicais.[1] “O ‘nome’ é Deus em revelação”.[2] (hw”hoy>) (Yehovah) é o nome revelacional de Deus (Ex 3.14-15; 6.2-3), “Eu sou o que sou” ou, “Eu sou o que serei” ou ainda: “Eu serei o que serei”. Porém, a sua origem é disputada entre os eruditos, não se tendo uma opinião consensual.[3] No entanto, é o nome com o qual Deus se manifesta a Moisés e pelo nome que quer ser sempre lembrado.

Ninguém pode atribuir nome a Deus. Deus não tem nome no sentido de distingui-lo ou descritivo de sua natureza essencial.[4] Os nomes fazem parte de sua autorrevelação. O desvelar-se adequado e ao mesmo tempo, acomodatício de suas perfeições aludindo a aspectos de sua identidade santa e perfeita.[5] No entanto, nem um nome ou todos os nomes coligados esgotam as suas perfeições. Deus em sua simplicidade, não é composto. Na integridade única de seu ser, há perfeição, totalidade e harmonia absoluta. Deus não tem amor, justiça e santidade, por exemplo, mas, é absolutamente amor, justiça e santidade. É absolutamente absoluto!

Nós podemos conhecer a Deus como Criador porque Ele ao longo da história tem se dado a conhecer claramente na Criação. Nós, cristãos, podemos conhecê-lo pelo nome porque Ele mesmo se apresentou a nós.[6] O Criador que se mostra na Criação, é o nosso Pai, conforme nos foi dado a conhecer em Cristo, nosso irmão mais velho. Conhecer a Deus sempre é graça!

            No Shemá[7] (“ouve”), o “credo judeu”[8] –, lemos: 4 Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. 5 Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Dt 6.4-5).

O Senhor é o Deus da Aliança que se revelou por meio de seus atos e da sua Lei. Como temos insistido, é um Deus Pessoal que se relaciona pessoalmente com o seu povo (Ex 3.14). A grandeza de Deus é-nos manifesta de forma concreta por meio de sua revelação. O mistério é enaltecido no ato de Deus desvelar-se. Isso é grandioso demais para nós.[9]

            Como bem sabemos, o texto hebraico original não constava de vogais, entretanto, com o decréscimo do conhecimento da língua hebraica, tornou-se ainda mais difícil a compreensão dos textos, visto que a introdução mental de uma vogal errada, conduziria o leitor a uma interpretação equivocada. Por isso, desde a Antiguidade várias tentativas foram feitas para se introduzir as vogais, o que finalmente ocorreu de forma satisfatória, pelos judeus da escola massorética de Tiberías, por volta do ano 950 da Era Cristã.

            No caso do nome hwhy (YHWH), que ocorre 5321 vezes no AT.,[10] há algumas particularidades curiosas: Por volta do ano 300 a.C. ou um pouco antes, não sabemos ao certo, os judeus devido: 1) sua reverência para com Deus; 2) sua interpretação de Lv 24.16 e Ex 3.15, e 3) o temor de serem culpados do pecado de profanação, deixaram de pronunciar o nome YHWH. O que eles passaram a fazer, foi o seguinte: Todas as vezes que liam o nome YHWH em voz alta, este nome era substituído por yfnOdf) (‘âdônây)(“Senhor”).[11] “Para indicar que esta substituição se devia fazer, os Massoretas[12] intercalavam as vogais de ‘aDõNãY[13] sob as consoantes de JaHWeH, daí surgiu a palavra JeHowah ou ‘Jeová'”.[14]

            O certo é que hoje nós não temos condições de saber qual era a pronúncia correta do tetragrammaton[15] divino, daí pronunciar-se de diversas formas: Yavé, Javé, Jeová, entre outras.

            São Paulo, 03 de setembro de 2019.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa


[1] Cf. Paulo Anglada, Soli Deo Gloria: O Ser e as obras de Deus, Ananindeua, PA.: Knox Publicações, 2007, p. 35.

[2]Geerhardus Vos, Teologia Bíblica, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 139.

[3] Uma breve, porém, ótima discussão sobre o assunto temos em Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 2, p. 144-147. Mais atual, porém, menos crítico: Terence Fretheim, Javé: In: Willem A. VanGemeren, org. Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 4, p. 736-741.

[4] Veja-se: François Turretini, Compêndio de Teologia Apologética, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 1, p. 253.

[5] “Na Escritura o nome de Deus é autorrevelação. Somente Deus pode dar nome a si mesmo; seu nove é idêntico às perfeições que ele exibe no mundo e para o mundo. Ele se faz conhecido ao seu povo por meio de seus nomes próprios: a Israel, como YHWH, à igreja cristã, como Pai. Os nomes revelados de Deus não revelam seu ser como tal, mas sua acomodação à linguagem humana” (Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 2, p. 97).

[6] Deus expressa o seu pensamento e a sua vontade no mundo, na Criação, envolvendo o homem com a manifestação visível da sua glória que é proclamada, apesar do pecado, de forma fecunda nas obras da Criação (Sl 19.1; At 14.17; Rm 1.19,20). (Vejam-se: João Calvino, Exposição de Hebreus, São Paulo: Paracletos, 1997, (Hb 11.3), p. 299; R.C. Sproul, Somos todos teólogos: uma introdução à Teologia Sistemática, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2017, p. 36-37; R.C. Sproul, Estudos bíblicos expositivos em Romanos, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 31-40).

            Deus, o mundo e o homem são as três realidades com as quais toda a ciência e toda filosofia se ocupam (Herman Bavinck, The Philosophy of Revelation,New York: Longmans, Green, and Company, 1909, p. 83). Pois bem, se Deus não tivesse primeiramente, de forma livre e soberana se revelado (Sl 115.3; Rm 11.33-36) – concedendo ao homem o universo como meio externo de conhecimento que funciona com as suas leis próprias e regulares – toda e qualquer ciência seria impossível. O mundo, inclusive o homem, é o grande laboratório de todas as ciências. Só que, quem “construiu” este laboratório foi Deus, e deixou ao homem a responsabilidade de estudá-lo, descobrindo os “enigmas” que estão por trás das leis que funcionam de acordo com as prescrições do seu Criador. Não pensemos, contudo que Deus criou o mundo apenas para satisfazer a curiosidade humana. Deus o fez como testemunho da sua glória: “A grande finalidade da criação foi a manifestação da glória de Deus” (A.W. Pink, Deus é Soberano,São Paulo: Fiel, 1977, p. 84). Deus ainda hoje não deixou de dar testemunho da sua existência e bondoso cuidado para com o homem (At 14.17). Deus está ativo, preservando a sua criação para o fim proposto por ele mesmo. “Deus não é mero espectador do universo que ele criou. Ele está presente e ativo em todas as partes, como o fundamento que sustenta tudo e o poder que governa tudo o que existe” (L. Boettner, La Predestinación,Grand Rapids, Michigan: TELL. (s.d.), p. 33). A Bíblia atesta este fato amplamente (Vejam-se: Ne 9.6; At 17.28; Ef 4.6; Cl 1.17; Hb 1.3) (Veja-se: Confissão de Westminster,Cap. V). Deus faz todas as coisas “conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11/Sl 115.3).

[7] É a primeira palavra que aparece em Dt 6.4, derivada do verbo ((m$) (Shãma’), “ouvir”, envolvendo normalmente a ideia de ouvir com afeição, entender, obedecer (Veja-se: Hermann J. Austel, Shãma’:In: R. Laird Harris, et. al., eds., Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1586).

[8]Conforme expressão de Edersheim (1825-1889). Veja-se: Alfred Edersheim, La Vida y los Tiempos de Jesus el Mesias,Barcelona: CLIE, 1988, v. 1, p. 491.

[9]“O verdadeiro mistério só pode ser entendido como um mistério genuíno mediante a revelação. (…) Porque a revelação do Nome é a automanifestação do Deus que é livre, e exaltado acima deste mundo, é só isto que nos confronta com o verdadeiro mistério de Deus. Por isso a revelação do Nome de Deus está no centro do testemunho bíblico da revelação” (Emil Brunner, Dogmática, São Paulo: Novo Século, 2004, v. 1, p. 157).

[10]Cf. Gottfried Quell, ku/rioj: In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament,8. ed. Grand Rapids, Michigan: WM. B. Eerdmans Publishing Co., (reprinted) 1982, v. 3, p. 1067. Fretheim fala-nos de cerca de 6800 vezes (Cf. Terence Fretheim, Javé: In: Willem A. VanGemeren, org., Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 4, p. 736).

[11] Palavra usada exclusivamente para Deus. Cf. Gesenius’ Hebrew-Chaldee Lexicon to the Old Testament, 13. ed. Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1978, p. 12b.

[12]Sobre os Massoretas, Veja-se: Gleason L. Archer Jr., Merece Confiança o Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1974, p. 65ss.

[13]Ainda que em menor escala, os Massoretas também intercalavam com o tetragrammaton, as vogais de ‘Elohim. Cf. L. Berkhof, Teologia Sistemática, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1990, p. 51; G. Hendriksen, El Evangelio Segun San Mateo, Grand Rapids, Michigan: Subcomision Literatura Cristiana, 1986, p. 343.

[14]Gleason L. Archer Jr., Merece Confiança o Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1974, p. 66. Veja-se: Terence Fretheim, Javé: In: Willem A. VanGemeren, org., Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 4, p. 737.

[15]Cf. L. Berkhof, Teologia Sistemática, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1990, p. 51; H. Bavinck, The Doctrine of God, 2. ed. Grand Rapids, Michigan: W. M. Eerdmans Publishing Co., 1955, p. 102ss.; A.R. Crabtree, Teologia do Velho Testamento, 2. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1977, p. 64; J. Barton Payne, Hawa: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 346; François Turretini, Compêndio de Teologia Apologética, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 1, p. 253-254. Veja-se também: J. Barton Payne, The Theology of the Older Testament, Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1962, p. 147-149.

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